A agência Avenida Comunicação reuniu na última segunda (22) os especialistas do iCS (Instituto Clima e Sociedade) Clauber Leite, Ricardo Baitelo e Amanda Ohara para discutir segundo Leopoldo Gomes, na coluna Esplanada sobre a fatura da crise hídrica que o brasileiro vai começar a pagar a partir de 2022.
O Leilão de Energia Emergencial, realizado no último dia 25 de outubro, contratou, por um valor sete vezes maior do que o preço médio, as termelétricas a gás mais caras do sistema brasileiro. Esse alto valor terá impacto na fatura destinada para o consumidor.
Abordando o leilão, a mestre em Planejamento Energético Amanda Ohara apontou que o governo tinha alternativas mais baratas para suprir a demanda. Em uma delas, o Brasil poderia receber um terço da energia que foi contratada, mas investindo cerca de um décimo do que foi empregado. A consultora do iCS diz que “a conta do consumidor já está alta, mas a previsão é de subir ainda mais nos próximos anos”
A mesa-redonda também discorreu sobre a má condução do atual governo federal com a crise hídrica, assim como a negação das mudanças climáticas, que devem trazer para o governo que deve assumir em 2023 uma previsão de gastos com dimensões inéditas. Também deve se levar em consideração o agravamento da decisão em meio à crise climática, ainda em período de conversas na COP26, em Glasgow, na Escócia.
Ricardo Baitelo abordou os impactos ambientais decorrentes da inserção de termelétricas a gás natural na Medida Provisória 1031/2021, pontuando também o aumento no consumo nos últimos dois anos, durante a pandemia da covid-19. O coordenador de projetos no IEMA (Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos) pontua que a pandemia contribuiu para o aumento no consumo, mas a tendência de alta já era observada há anos.
Também consultor do iCS, o ex-diretor do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) Luiz Barata trouxe sua experiência para dizer que esse alerta está sendo exposto desde meados da década passada, e que as contas de 2022 ficarão “impagáveis”, se as medidas tomadas não forem discutidas a longo prazo.
O engenheiro ambiental Clauber Leite se alia à fala, argumentando que as medidas que estão sendo tomadas não resolvem o problema, “só jogam pra frente uma situação que vai estourar no bolso dos consumidores”, uma “herança maldita” que vai ser recebida pelo próximo governo.
Coordenador do Programa de Energia e Sustentabilidade do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), Leite também afirma que “já estamos vivendo em um racionamento”, com as bandeiras tarifárias. O governo também discute com o BNDES como pode cobrir o rombo que as distribuidoras tiveram durante a pandemia. Essa é mais uma conta que será paga pelo consumidor nos próximos anos.