O consumo nacional de energia elétrica encerrou o ano passado com alta de 1,5% em relação a 2021, repetindo a trajetória de fraca evolução vista nos últimos anos principalmente devido ao lento crescimento da atividade econômica, mostram dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) antecipados à Reuters.
O volume de energia consumida no Brasil alcançou 67.275 megawatts médios em 2022, puxado por um aumento no ambiente de contratação livre (7,2%, a 24.496 MW), que engloba a demanda de grandes empresas. Já no ambiente regulado, houve retração (-1,4%, a 42.769 MW).
O presidente do conselho de administração da CCEE, Rui Altieri, avalia que o desempenho do ano passado representou “uma boa notícia”, uma vez que mostra a retomada de setores da economia que foram muito afetados pela pandemia de Covid-19 em 2020.
Ele observa, no entanto, que o ritmo de crescimento do consumo nacional segue inferior à média histórica do setor, e que será necessária “recuperação mais rápida” da atividade econômica para que o indicador retome uma evolução mais forte.
No mercado livre, no qual grandes empresas contratam sua energia, destacaram-se os setores de Serviços (16,2%) e Comércio (10,5%), que tiveram recuperação expressiva após o fim das restrições da pandemia. Outro destaque positivo foi Madeira, Papel e Celulose (12,7%), que ampliou sua produção para suprir a demanda global por matéria-prima após o início do conflito entre Rússia e Ucrânia, segundo a CCEE.
Já a indústria têxtil fechou o ano com consumo 3,8% inferior ao de 2021, afetada por fatores conjunturais como juros altos e inflação acumulada, além de escassez de matéria-prima, disse a entidade.
No segmento regulado, no qual residências e pequenas empresas contratam seu fornecimento das distribuidoras, a queda do consumo esteve ligada a uma conjunção de fatores, como a migração de consumidores para o mercado livre e as temperaturas mais baixas que as de 2021, o que reduz o uso de aparelhos de ar-condicionado.
Também pesou sobre o desempenho do consumo no mercado regulado a expansão da geração distribuída solar, principalmente através da instalação de painéis em telhados e fachadas. A chamada “GD” passou a representar um pedaço importante da carga de energia em 2022, afetando o mercado da distribuidoras.
Para 2023, a expectativa é de que a carga de energia elétrica cresça 2,7%, atingindo o patamar de 71.735 MW médios, considerando um incremento de 0,7% do PIB, segundo as últimas projeções realizadas em conjunto por CCEE, Operador Nacional do Setor Elétrico (ONS) e Empresa de Pesquisa Energética (EPE).