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Conheça quatro motivos para a queda livre no preço das ações da Apple

sábado 24 de novembro de 2018 às 14:01h

A Apple já foi a menina dos olhos de Wall Street.

Primeira empresa dos Estados Unidos a atingir um valor de mercado de US$ 1 trilhão, a gigante da tecnologia se vangloria de produtos que definem tendências, de uma receita maior do que o Produto Interno Bruto (PIB) de alguns países e de consumidores tão leais que chegam a virar a noite acampados na porta de suas lojas à espera de lançamentos.

Mas nas últimas semanas, a empresa californiana perdeu prestígio abruptamente.

O preço das ações da Apple caiu mais de 20% desde outubro, prejudicando outros papéis e afetando o mercado de uma maneira geral.

O papel da companhia está sendo negociado agora abaixo de US$ 180, e mantém alta de apenas cerca de 2,3% no ano de 2018.

Mas o que afinal ofuscou o brilho da Apple?

1. Investidores estão preocupados com as vendas do iPhone

Em setembro, a Apple lançou uma nova linha de produtos, mas não está claro se o alvoroço gerado está se traduzindo em vendas.

O número de produtos que a Apple apresentou se mostrou relativamente estável no último trimestre e a previsão de 0-5% de crescimento de receita anual para a temporada de festas – época em que as famílias tradicionalmente compram os últimos lançamentos – decepcionou os investidores, desencadeando uma forte onda de venda de ações.

Os recentes anúncios de cortes de produção de alguns fornecedores da empresa – como a Lumentum – aumentaram a ansiedade no mercado, apesar de tais movimentos serem notoriamente difíceis de interpretar.

A Apple agravou a questão com sua decisão de parar de dizer quantos iPhones, iPads e outros produtos a empresa vendeu em cada trimestre, levantando suspeitas de que tem algo a esconder.

“A omissão da unidade de medida (de venda) de iPhone foi a gota d’água para as ações da Apple”, disse Daniel Ives, diretor-executivo de pesquisa de capital da Wedbush Securities.

2. Os altos preços podem deixar a Apple exposta se a economia se deteriorar

Nos últimos anos, a Apple tem respondido à desaceleração nas vendas de smartphones elevando os preços – uma medida que ajudou a empresa a obter receitas recordes, mesmo enquanto a indústria se contraía.

Mas a expectativa é que o crescimento global e dos EUA diminua, e os dados recentes sobre gastos dos consumidores variaram.

Com a Apple cobrando US$ 750 pelo modelo mais barato do novo iPhone, há um risco no caso de uma desaceleração. E as próprias previsões de vendas da empresa exacerbaram essas preocupações.

“Claramente, essa evolução do preço médio de venda não pode continuar para sempre”, afirma Angelo Zino, analista de capital da CFRA. “Eu acho que a preocupação real dos investidores é por quanto tempo eles conseguem continuar com isso.”

3. Os investidores não estão confiantes – ainda – em relação à oferta de serviços

A Apple sinalizou que a oferta de serviços online – como ApplePay, Apple Music e App Store – será o próximo grande motor de crescimento da empresa. A meta é gerar US$ 50 bilhões em receita neste segmento até 2020, aproveitando sua vasta base de usuários.

Mas os investidores, de uma maneira geral, ainda têm muitas perguntas. Por exemplo, a Apple não compartilhou formalmente seus planos para a área de televisão e cinema, e os motivos para entrar na indústria de saúde também permanecem relativamente obscuros.

Os analistas vão ter que se adequar a um negócio impulsionado por pagamentos menores e regulares, em vez de dispositivos de grande sucesso, afirmou Carolina Milanesi, analista de pesquisa de mercado na empresa Creative Strategies.

Ela avalia, no entanto, que as preocupações ainda são prematuras – pelo menos, por ora.

“Se as vendas de iPhone se mantiverem estáveis ou caírem e não houver mais nada para compensar isso, então é claro que há razões para preocupação, mas acho que é cedo demais”, diz.

“Daqui a um ano, se não virmos o segmento de serviços engatar da maneira que esperamos, então acho que as preocupações podem ser legítimas”.

4. A Apple reflete preocupações mais amplas do mercado – como as tensões comerciais entre China e EUA

O setor de tecnologia de uma maneira geral foi duramente atingido nas últimas semanas, com os investidores fugindo de uma indústria que havia impulsionado os ganhos do mercado no início do ano.

No entanto, até o anúncio dos resultados da Apple para os investidores em 1º de novembro, a turbulência havia deixado as ações da empresa relativamente ilesas em comparação às demais.

Agora, a fabricante do iPhone também foi contaminada pelos temores do mercado, e não são poucos, incluindo avaliações excessivamente otimistas, aumento das taxas de juros, flutuação da moeda e tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China.

Esse país asiático, em particular, pode ser um risco em potencial para a Apple, uma vez que a região da Grande China – que inclui Hong Kong e Taiwan – é fonte de cerca de 20% da receita da empresa.

A companhia também depende de fabricantes da região, embora seus produtos tenham sido poupados de tarifa até agora.

“É definitivamente um período de tensão”, diz Ives, que se mantém otimista sobre a sorte da Apple no longo prazo.

“Esse ciclo de produção não parece estar atingindo os níveis que os investidores estavam esperando”, afirma. “Mas eu não acredito que haja uma mudança mais ampla na história da Apple se olharmos para os próximos dois, três, quatro anos.”

 

Por Natalie Sherman

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