Um asteroide descoberto no século XIX com órbita no cinturão entre Marte e Júpiter pode ser mais valioso que toda a economia da Terra. Um estudo publicado semana passada no Planetary Science Journal revelou que 16 Psyche, de 225 quilômetros de diâmetro, é inteiramente formado por ferro, ouro e níquel, que valeriam na cotação dos metais cerca de US$ 10 quintilhões.
— Nós já observamos meteoritos que são formados majoritariamente por metal, mas o Psyche pode ser único por ser um asteroide totalmente feito de ferro e níquel — afirmou Tracy Becker, pesquisadora do Southwest Research Institute e líder do estudo.
Por essa característica, Tracy acredita que o asteroide seja um resquício do núcleo de um protoplaneta, uma reminiscência do período de formação do Sistema Solar.
— A Terra tem um núcleo metálico, um manto e uma crosta — comparou Tracy. — É possível que o Psyche fosse um protoplaneta em formação, que foi atingido por outro objeto no nosso Sistema Solar e perdeu seu manto e sua crosta.
Com auxílio do telescópio espacial Huble, os pesquisadores foram capazes de observar em detalhes o asteroide descoberto por um astrônomo italiano em 1852. Foram capturadas imagens de dois pontos específicos, com vistas dos dois lados do objeto graças a sua rotação, além de informações pela observação da superfície em ondas ultravioletas.
Com esses dados, foi possível observar outra característica única do 16 Psyche: o asteroide está enferrujando.
— Nós fomos capazes de identificar pela primeira vez em um asteroide o que achamos ser sinais de absorção de ultravioleta de óxido de ferro — revelou a pesquisadora. — Isso é indicação de que a oxidação está ocorrendo no asteroide, o que pode ser resultado do impacto dos ventos solares na superfície do asteroide.
Para comprovar as observações realizadas pelo Hubble, a Nasa prepara o lançamento de uma espaçonave que viajará até o asteroide, como parte de um esforço maior para compreensão das origens dos núcleos planetários.
A missão está programada para 2022, com chegada no asteroide prevista para 2026. Como asteroides metálicos são relativamente raros, o 16 Psyche oferece aos cientistas uma oportunidade única para observar como seria o núcleo de um planeta.
— Compreender o que realmente forma um planeta e potencialmente ver como é um planeta por dentro é fascinante — disse Tracy. Assim que chegarmos a Psyche, nós vamos saber se esse é o caso, mesmo que não seja como esperamos. Sempre existem surpresas.