Com o placar da “corrida dos vices” cada vez mais claro, começa a aumentar conforme matéria do Estado de S. Paulo, o interesse pela trajetória dos nomes cotados para compor as chapas presidenciais ao lado dos titulares. Embora ainda haja indefinição por parte de alguns pré-candidatos, os dois melhores colocados na disputa até o momento já designaram um “casamento” ou estão em vias de fazê-lo. O presidente Jair Bolsonaro, por exemplo, deve escolher entre o militar Walter Braga Netto e a ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina. Conheça os principais nomes apresentados ou definidos como possíveis vice-presidentes da República e sua trajetória.
Lula
A vice da chapa de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) será ocupada pelo médico e ex-governador Geraldo Alckmin (PSB). Quadro histórico e um dos fundadores do PSDB, ele se filiou ao PSB para disputar, pela primeira vez “com”, e não “contra” o líder petista, o Planalto. Ambos passaram boa parte dos últimos quase 30 anos em lados opostos do tabuleiro político, encampando diversas vezes a polarização PT versus PSDB, mas agora se apresentam juntos como uma opção ao eleitorado contrário ao presidente Jair Bolsonaro (PL).
Alckmin foi duas vezes governador de São Paulo, exercendo o cargo de 2001 a 2006 e de 2011 a 2018. Tentou a Presidência da República duas vezes: em 2006 e em 2018. Na primeira, foi derrotado no segundo turno pelo próprio Lula. Na segunda, terminou a disputa em quarto lugar e com aproximadamente 5% dos votos válidos, no que foi o pior resultado do PSDB em um pleito presidencial.
Iniciou a carreira política no movimento estudantil quando ainda era aluno de Medicina da Universidade de Taubaté. Nas décadas de 1970 e 1980, foi vereador e prefeito de Pindamonhangaba, onde nasceu, e deputado estadual por São Paulo. Na década de 1990, foi duas vezes eleito deputado federal. Em seguida, foi vice-governador de São Paulo na gestão Mário Covas.
Alckmin permaneceu no PSDB desde a criação do partido, em 1988, até 2021. Sua desfiliação ocorreu em parte por causa de sua desavença com João Doria, de quem havia sido padrinho nas eleições de 2016. Ambos se desentenderam em virtude das eleições de 2018, quando Doria mostrou sinais de que queria se sobrepor ao médico e disputar a Presidência pelo partido. Em áudio daquele ano divulgado pelo Estadão, Alckmin chamou o correligionário de “traidor”.
Jair Bolsonaro
A chapa do presidente Jair Bolsonaro para as eleições de outubro tem dois nomes cotados para o posto de vice. O Estadão mostrou que o chefe do Executivo sofre pressão do Centrão para substituir o general da reserva Walter Braga Netto, dado como provável para o cargo, pela ideia original de escalar a ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina.
A intenção é formar uma chapa “puro sangue” (Tereza é filiada ao Progressistas, partido que, assim como o PL, é do Centrão) e tentar angariar o voto feminino, segmento no qual o presidente enfrenta dificuldade.
Tereza Cristina é ex-ministra da Agricultura e muito ligada ao setor. Enquanto exercia a chefia da pasta, era deputada federal licenciada pelo Mato Grosso do Sul. Atualmente, ela é pré-candidata ao Senado pelo mesmo Estado.
Engenheira agrônoma formada pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), a ex-ministra foi presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária no Congresso. É também ex-secretária de Desenvolvimento Agrário do Mato Grosso do Sul.
General e militar da reserva, Braga Netto entrou no Exército em 1974. Durante o governo Bolsonaro, foi ministro da Casa Civil e depois da Defesa, pasta da qual se descompatibilizou em março deste ano, justamente com a intenção de se tornar vice de Bolsonaro.
Foi chefe da intervenção federal no Rio de Janeiro em 2018, durante o governo de Michel Temer. Ao assumir a atribuição, que lhe concedeu poderes de governador do Estado na área da Segurança Pública, determinou a seus subordinados e pediu aos familiares discrição nas redes sociais. Além disso, Braga Netto tem carreira, militar internacional: foi observador militar das Nações Unidas no Timor Leste e adido na Polônia e nos Estados Unidos. O general tem a vantagem de ser aliado de extrema confiança do presidente, que busca uma espécie de garantia de que não sofrerá com articulações do substituto a favor de um eventual impeachment.
Ciro Gomes
O pré-candidato Ciro Gomes (PDT) ainda não avançou nas negociações avançadas para vice. Já tentou atrair a ex-ministra Marina Silva (Rede) para o posto, mas ela resistiu a aceitar o convite e deve se lançar a deputada federal. Já fez aceno à senadora Simone Tebet, mas a parlamentar não abriu mão da candidatura própria. O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, também chegou a convidar o apresentador José Luiz Datena para compor chapa com Ciro Gomes, mas o paulista deve disputar uma vaga ao Senado por São Paulo. Isolado, com defecções dentro do próprio PDT, Ciro enfrenta pressões para que renuncie à candidatura própria, o que também tem atrasado as articulações para definição da vice.
Simone Tebet
A pré-candidata do MDB tem o apoio formal do PSDB, que planeja indicar o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) para vice da chapa.
Jereissati foi três vezes governador do Ceará, de 1987 a 1991 e de 1995 a 2002, sendo que nas últimas duas vezes venceu em primeiro turno. Foi eleito senador para os mandatos de 2003 a 2011 e de 2015 a 2023.
Líder empresarial, ele é formado em administração de empresas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e já presidiu o Centro Industrial do Ceará – CIC. Nessa atribuição, participou de articulações do Movimento de Redemocratização do Brasil e apoiou a candidatura de Tancredo Neves à Presidência.
Assumiu a presidência nacional do PSDB em setembro de 1991 e aprovou a escolha do então senador Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República.
Em 2021, foi um dos defensores da instauração da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid e um dos autores do pedido para a abertura da investigação.
Luciano Bivar
O presidenciável do União Brasil, Luciano Bivar, tem apontado para a possibilidade de formar uma chapa “puro sangue” com a senadora Soraya Thronicke (MS).
Advogada por formação, Thronicke despontou na política durante os protestos contra a corrupção entre o fim do governo Dilma Rousseff (PT) e a eleição de Jair Bolsonaro. Por se apresentar como uma liderança dos movimentos de rua, foi convidada pelo PSL, então partido de Bolsonaro, para concorrer a uma cadeira no Senado em 2018. Foi eleita pelo Mato Grosso do Sul com 373 mil votos.
A senadora descreve a si mesma como “conservadora nos costumes e liberal na economia”. Atualmente, é Presidente da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) do Senado Federal. Em 2021, teve participação na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, no “rodízio” com Simone Tebet, Eliziane Gama, Zenaide Maia e outras parlamentares da Bancada Feminina.
André Janones
O pré-candidato do Avante, André Janones, ainda não definiu qual nome vai convidar para compor sua chapa presidencial, mas está definido que não quer ser vice de outro candidato. Em entrevista ao Estadão, o deputado federal afirmou que se não concorrer como cabeça de chapa, será candidato à reeleição para deputado federal. Incentivado pelo empresário Paulo Marinho, que em 2018 ajudou ativamente na campanha de Bolsonaro, o parlamentar tem sido apresentado por ele a investidores paulistas de olho nas classes C, D e E.