Gabriel Boric, candidato da aliança Apruebo Dignidad (Aprovo a dignidade, em tradução) tomará posse como presidente do Chile em março de 2022 após derrotar José Antonio Kast, candidato de extrema-direita, com 55,87% dos votos neste domingo (19).
Morador da região de Magallanes, no sul do país, e descendente de imigrantes croatas, Boric é bacharel em direito pela Universidade do Chile, ex-líder estudantil, deputado e um dos fundadores da coalizão política Frente Ampla. Ele tem 35 anos e será o presidente mais jovem da história do Chile.
Nascido em 11 de fevereiro de 1986, Boric é filho de Luis Javier Boric e María Soledad Font. Confira os detalhes sobre a trajetória do político.
Uma família de origem croata
Em meados do século 20, Ive Boric e Stoza Baresic se casaram e tiveram seis filhos, nascidos em Ugljan, ilha pertencente ao então Império Austro-Húngaro — atual Croácia. Sime e Ive Boric Baresic imigraram para Magallanes por volta de 1885 e se dedicaram à mineração em busca de ouro no Canal de Beagle e arredores, segundo o jornal El Mercurio.
O sobrenome de Ive foi perpetuado no rio Boric na ilha de Lennox, de acordo com o El Diario Austral.
Posteriormente, Ive — que adotou o nome de Juan — se estabeleceu em Punta Arenas. No entanto, ele mais tarde retornou a Ugljan e se casou com Bozica (conhecida como Natalia) Crnosija Vucina em 1893. Ive retornou imediatamente ao Chile, seguido pela esposa e filho, Ive Ante, que nasceu em 1885.
Após sua chegada à região de Magallanes, Ive trabalhou em tarefas relacionadas à construção e reparo de embarcações marítimas, revelou o El Mercurio.
Do casamento de Ive Boric e Bozica Crnosija nasceram 11 filhos: Juan (Ive Ante), Mariano, Ángela, Paulina, Vicente, Vladimiro, Luis Pedro, María, José, Arturo e Benjamin.
Luis Pedro Boric Crnosija casou-se com Magdalena Scarpa Martinic, descendente de imigrantes da Dalmácia, com quem teve quatro filhos, sendo Luis Javier Boric Scarpa o mais velho deles.
Luis Javier é engenheiro químico e trabalhou por 41 anos na Companhia Nacional de Petróleo (ENAP), aposentando-se em 2012 como gerente de refino e logística, relatou o El Diario Austral. Em 1985, casou-se com María Soledad Font, de cuja união nasceu Gabriel Boric Font em 1986 e, posteriormente, seus irmãos Simón e Tomás Boric Font.
Gabriel Boric fez a educação básica e secundária entre 1991 e 2003 na The British School, uma das escolas mais caras de Punta Arenas. Em seguida, viajou para Santiago para estudar direito na Universidade do Chile.
“Gabriel, é claro, tem sido um jovem privilegiado dentro da sociedade local de Magallanes. Seu pai, como engenheiro administrativo da Companhia Nacional de Petróleo, pôde dar-lhes essas oportunidades de qualidade de vida e também de estudo”, disse o jornalista de Magallanes Rodrigo Utz à CNN Chile.
Carreira política
Gabriel Boric formou-se em direito em 2004. Durante o período como estudante, foi assistente das disciplinas de História Institucional do Chile, Teoria da Justiça e Direito Internacional dos Direitos Humanos. Além disso, ingressou no grupo político Izquierda Autónoma (Esquerda Autônoma).
Em 2008, foi eleito conselheiro da Federação de Estudantes da Universidade do Chile (FECH). No ano seguinte, foi eleito presidente do Centro de Estudantes de Direito da Universidade do Chile. Entre 2010 e 2011, foi senador universitário da Casa de Estudos.
Em 2012, após o triunfo na lista do Creamos Izquierda, assumiu a presidência da FECH, sucedendo Camila Vallejo. Durante sua gestão, liderou o protesto estudantil iniciado em 2011 e foi um dos porta-vozes da Confederação de Estudantes do Chile (Confech).
No final de 2013, foi eleito deputado independente pelo antigo distrito 60. Cerca de três anos depois, ele saiu da Esquerda Autônoma e criou o Movimento Autônomo. Ao mesmo tempo, com o deputado da Revolução Democrática (RD) Giorgio Jackson, promoveu a criação do grupo Frente Ampla como conglomerado alternativo à Nova Maioria, da ex-presidente Michelle Bachelet.
Em 2017, foi reeleito como deputado pelo novo distrito 28, em Magallanes, Patagônia.
Durante novembro de 2018, ele liderou o ato de fundação de uma nova aliança que integraria os partidos Movimento Autonomista (MA), Esquerda Libertária (IL), Nova Democracia (ND) e Socialismo e Liberdade (SOL). Finalmente, em abril de 2019, foi criada a Convergência Social.
Acordo de Paz
Desde os acontecimentos ocorridos na eclosão social de outubro de 2019, Boric participou da assinatura do Acordo pela Paz Social e da Nova Constituição, firmado em 15 de novembro do mesmo ano por representantes dos principais partidos políticos do país. A instância deu início ao atual processo constitucional no Chile.
Em 17 de março de 2021, o comitê central do partido o proclamou como seu candidato à presidência da República. Posteriormente, foi proclamado candidato por diversos partidos da Frente Ampla e registrou sua candidatura às primárias da aliança Apruebo Dignidad, onde derrotou o comunista Daniel Jadue.
No primeiro turno da eleição presidencial, em 21 de novembro de 2021, Boric obteve 1.814.809 votos, o que corresponde a 25,83% do total dos votos válidos, ocupando o segundo lugar nas preferências, passando para o segundo turno eleitoral.
Finalmente, e após um intenso dia de votações, Gabriel Boric Font venceu a eleição presidencial de 2021 ao derrotar José Antonio Kast no segundo turno.