Turismo no Brasil é assunto delicado. O setor representa 8% do PIB nacional, mas todos os especialistas dizem que poderia ser maior. Do ecoturismo a grandes cidades, da praia até o campo, as possibilidades são inúmeras. E é de olho nelas que o InterContinental Hotels Group (IHG) quer aumentar sua presença no País. Com atuais 14 hotéis em operação por aqui, o grupo tem identificado mais de 300 mercados potenciais, considerando cidades acima de 250 mil habitantes. No planejamento da rede está a integração de ao menos cinco novos empreendimentos em 2023, com a estratégia de captar hotéis independentes para seu sistema de franquias. Além disso, busca investidores dispostos a construir sob a licença de uma de suas 18 bandeiras. “Temos de crescer muito agora no País. Obviamente tudo foi freado pela pandemia, mas já estamos vendo melhoras importantes nesse momento”, disse o vice-presidente regional sênior de desenvolvimento do IHG, Paul Adan.
A relação da IHG com o Brasil é longa. A primeira marca do grupo britânico foi justamente a InterContinental Hotels e Resorts e o primeiro empreendimento foi construído em Belém (PA), em 1949. Desde então, cinco bandeiras vingaram em território nacional, com destaque para a Holiday Inn, com sete unidades. A Six Senses, marca de luxo do grupo, possuía uma unidade em Campos do Jordão (SP), sendo a primeira construída nas Américas, porém desde 1 de janeiro de 2023 o hotel deixou de fazer parte da marca e passou para a gestão independente da empresa dona. Já em um acordo internacional anunciado em novembro de 2022, a IHG agregou a marca Iberostar de resorts de praia. Ao todo, 70 empreendimentos all inclusive passaram a fazer parte do portfólio do grupo, entre eles os dois localizados na Bahia.
Com essa presença conservadora e tímida, o Brasil representa pouco na operação da IHG, que tem sua maior força nos Estados Unidos. Na região que engloba Caribe e América Latina, o Brasil representa apenas 5% no número de hotéis, atrás do México, com 151 unidades, e da Colômbia, com 15, mas é o segundo colocado em número de quartos disponíveis, com 4.074. Apesar de enxergar o potencial do mercado nacional para o grupo, Adan entende que algumas particularidades dificultam fazer negócios por aqui.
A questão da infraestrutura aérea, preço de passagens e a própria promoção de destinos para o turista doméstico e estrangeiro é baixa, em sua visão. No comparativo com o México, ele cita maior facilidade de financiamento para novos projetos como uma das vantagens competitivas para que a rede esteja mais desenvolvida por lá. Na lista de dificuldades para o crescimento, os custos para operar um hotel e o valor médio das diárias, considerados baixos no Brasil, também entram na conta. O discurso precisa, então, ser adequado a cada realidade. “Para nós, ser exitoso não é ter o maior número de hotéis no mercado, mas ter o maior número de hotéis rentáveis abertos.”
Na retomada da pandemia, as taxas de ocupação ainda tentam se recompor. No Holiday Inn Parque Anhembi, em São Paulo, novembro representou um dos melhores desempenhos da história do hotel. Durante o período pandêmico, nenhuma unidade foi fechada no país, mas tampouco novas foram agregadas. “Espero que em 2023 todos já cheguem ao nível de 2019 e passem a melhorar [o desempenho]”, disse Adan. Com sonhos ousados e realizações conservadoras, a IHG tenta se fortalecer em território brasileiro.