Deputados ligados à base do governo Lula vão instalar, na volta do recesso conforme Eduardo Gayer, do Estadão, a Frente Parlamentar do Fretamento, em uma medida que promete tirar o sono do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), na avaliação de líderes na Câmara ouvidos sob reserva pela Coluna.
O motivo: a nova Frente quer regulamentar a atividade de startups que vendem fretamentos em plataformas na internet, uma modalidade que rivaliza com companhias de transporte regulares já consolidadas no mercado, e com as quais Pacheco tem ligação. O pai do presidente do Senado é administrador de duas empresas tradicionais de ônibus, a Viação Real e a Santa Rita.
O pano de fundo é a disputa pelo nicho de mercado nos moldes da vivida, no passado, entre taxistas e o Uber – mas em nível muito mais profissional, já que as empresas de transporte têm ligações com gente de peso em Brasília, como o próprio presidente no Congresso Nacional.
Quem coletou as assinaturas necessárias para a criação da Frente, a ser instalada em agosto, foi o deputado federal Bacelar (PV-BA), vice-líder do governo Lula na Câmara. À Coluna, ele diz que o maior objetivo da nova frente parlamentar será regulamentar o setor de fretamento e incluir as novas tecnologias do setor, que tanto assustam as empresas tradicionais do ramo.
“Todas as posições da Frente, que quer democratizar o transporte no País, são virtuosas. São posições que qualquer economista liberal defenderia, mas infelizmente no Brasil os liberais só são liberais para setores dos outros”, alfineta o parlamentar.
Bacelar conseguiu reunir 202 assinaturas, acima das 198 necessárias. São signatários deputados do PT de Lula, como Maria do Rosário (RS), ao PL de Jair Bolsonaro, como Lincoln Portela (MG), vice-presidente da sigla e altamente ligado a Valdemar Costa Neto.
Procurado por meio de sua assessoria de imprensa, Rodrigo Pacheco ainda não se manifestou.