A Confederação Nacional da Indústria decidiu propor um pacto nacional entre os poderes e o setor produtivo para buscar formas de consolidar regras de equilíbrio fiscal no país de modo a estimular o crescimento econômico neste ano.
Presidida pelo baiano Ricardo Alban, a entidade elaborou um texto em que analisa o cenário do país e defende a união de todas as forças da sociedade em torno de medidas que fortaleçam a economia brasileira.
“Apesar de as medidas de corte de despesas propostas pelo Executivo terem sido aprovadas no Legislativo, a magnitude da contenção (próxima a 70 bilhões de reais em dois anos) não elimina, sozinha, a necessidade de um pacto mais abrangente”, diz a entidade.
Leia a carta da CNI:
“Nos primeiros meses de 2024, a atividade econômica brasileira surpreendeu ao exibir um dinamismo maior do que o previsto. Havia, inclusive, sinais inequívocos de solidez em áreas-chave, como a indústria de transformação, que começou a colher benefícios de uma nova orientação de política industrial — a chamada Nova Indústria Brasil.
O apoio a segmentos como o automobilístico, o alimentício, a construção civil e o farmacêutico, entre outros, colaborou para o fortalecimento do mercado de trabalho, o aumento de receitas fiscais e o surgimento de uma perspectiva de maior competitividade internacional.
Contudo, a elevação dos juros e a volatilidade cambial podem desencadear consequências adversas para investimentos produtivos e afetar a competitividade da indústria nacional — justamente o segmento que melhor irrigava o conjunto das atividades econômicas.
O debate sobre o rumo da política fiscal e monetária acentuou-se justamente porque, apesar de as medidas de corte de despesas propostas pelo Executivo terem sido aprovadas no Legislativo, a magnitude da contenção (próxima a R$ 70 bilhões em dois anos) não elimina, sozinha, a necessidade de um pacto mais abrangente. É nesse contexto que surge a proposta de um “pacto nacional” que envolva todos os Poderes, os empresários e os trabalhadores.
A convergência entre o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Judiciário, somada à participação dos governos estaduais e municipais, configuraria um passo fundamental para a mitigação de riscos, pois envolveria regras claras de responsabilidade fiscal associadas a estímulos para setores estratégicos, como a indústria e o agronegócio”.