A Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) realizou nesta quinta-feira (16), em Salvador, uma sessão especial em homenagem ao Dia Nacional do Cigano, celebrado no dia 24 de maio.
A proposição foi do deputado estadual Niltinho e contou com a presença das comunidades ciganas de Salvador, Camaçari, Cruz das Almas, Alagoinhas, Simões Filho, Dias D’Ávila; além de autoridades como Josias Gomes, secretário de Desenvolvimento Rural que representou o governador em exercício Nelson Leal; os deputados estaduais Júnior Muniz, Jacó e José de Arimatéia; Claúdio Rodrigues, coordenador executivo da SEPROMI, representando a secretária Fábia Reys.
Em seu discurso, o deputado Niltinho, destacou sua alegria em participar do evento destinado aos ciganos, um povo “com diferentes crenças, cores, costumes e rituais”. “É a primeira vez que o povo cigano tem voz e vez. O povo cigano tem aqui um apoiador desta comunidade alvo de preconceitos, discriminação e intolerância. Gostaria de ressaltar que nunca antes nesta Casa das Leis os ciganos puderam entrar pela porta da frente e ter uma merecida homenagem”, frisou.
O parlamentar também lembrou que a tradição do povo cigano é passada de geração em geração de forma oral em meio a preconceitos, lendas e suposições. “Já afirmei aqui e reitero: os ciganos são pessoas que prezam, acima de tudo, pela palavra. O que os ciganos reivindicam? Tudo. Falta tudo. Respeito e igualdade de oportunidades, acesso a políticas de desenvolvimento econômico e social em todas as áreas como saúde, educação, trabalho, moradia e cultura. São pessoas esquecidas da sociedade”, relatou Niltinho.
Durante a sessão especial, o autor da homenagem entregou dois ofícios a representantes do Governo do Estado. Josias Gomes e Cláudio Rodrigues receberam das mãos do legislador um ofício pedindo a criação de uma superintendência ou coordenação na estrutura do Poder Executivo que trate de políticas públicas voltadas para a comunidade cigana na Bahia. Niltinho também dirigiu o pleito à Secretaria de Emprego, Trabalho, Renda e Esporte da Bahia (Setre).
Ao subir a tribuna do plenário, o secretário Josias Gomes, titular da SDR, parabenizou o deputado pela sessão especial e afirmou que é preciso lutar pela dignidade do povo cigano, pois é uma parcela importante na formação da sociedade brasileira. “Assim como outras minorias do nosso Brasil, os ciganos contribuem para a constituição deste país plural, mas não têm o devido reconhecimento”, disse.
O professor Jucelho Dantas, primeiro cigano da Bahia a conquistar, em 1990, um diploma de curso de nível superior, relembrou a instituição do Dia Nacional do Cigano no ano de 2006 pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Não que isso signifique que temos tudo depois do decreto presidencial. Serviu para dar visibilidade à comunidade cigana e nos tirar deste patamar de invisibilidade. De alguma forma, o povo cigano é lembrado no dia 24 de maio”.
“Falar do povo cigano é falar de um povo sofrido, de um povo humilhado, ultrajado ao longo da sua história”, discursou o professor da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs). De acordo com o docente, os ciganos sempre tiveram, na história recente, a dificuldade de estudar, frequentar uma faculdade, pois toda vez que acampavam em uma cidade, eram expulsos por prefeito, delegado ou dono de terras. Tal hostilidade dificultava a formação educacional e política do povo. “Poder ficar muito tempo em um local era praticamente impossível”, frisou.
O coordenador executivo da Sepromi, Cláudio Rodrigues, falou sobre a importância dos atos oficiais e reconhecimentos públicos como “uma ação de fortalecimento da identidade e de combate ao racismo”.