Ela foi inspirada na expressão americana yellow press (“jornalismo amarelo”), que surgiu no final do século XIX a partir da concorrência entre os jornais New York World e The New York Journal. Eles haviam entrado em guerra para ter em suas páginas as aventuras de Yellow Kid, a primeira tira em quadrinhos da história.
A disputa nos bastidores foi tão pesada conforme a revista Super, que o amarelo do cobiçado personagem acabou virando sinônimo de publicações sem escrúpulos. Em língua portuguesa, a expressão teve sua cor alterada no Brasil em 1959, quando a redação do jornal carioca Diário da Noite recebeu a informação de que uma revista chamada Escândalo extorquia dinheiro de pessoas fotografadas em situações comprometedoras.
O jornalista Alberto Dines, hoje editor do programa de TV Observatório da Imprensa, preparava, para a manchete do dia seguinte, algo como “Imprensa amarela leva cineasta ao suicídio”. O chefe de reportagem do Diário, Calazans Fernandes, achou o amarelo uma cor amena demais para o caráter trágico da notícia e sugeriu trocá-la por marrom. “Assim, a expressão imprensa marrom originou-se numa denúncia contra a própria imprensa marrom”, afirma Dines. Além de criar o novo termo, a manchete do Diário da Noite contribuiu para o fim da criminosa revista Escândalo, fechada logo em seguida.
Do amarelo para o marrom
A mudança de cores tem diversas versões. Uma delas diz que se fez uma apropriação do termo francês para procedimento não muito confiável: imprimeur marron (impressor ilegal), expressão segundo Emílio Portugal Coutinho, utilizada na França para designar os jornais impressos em gráficas clandestinas.
Segundo Alberto Dines, o termo foi utilizado pela primeira vez em 1960, quando ele, ao noticiar no Diário da Noite o suicídio de um cineasta, escreveu que a tragédia era o resultado da atuação irresponsável da “imprensa amarela”. A vítima havia sido chantageada pela revista Escândalo. Ao passar pelas mãos do chefe de reportagem, Calazans Fernandes, a expressão foi alterada para “imprensa marrom”, pois segundo ele o amarelo era uma cor alegre, e o marrom seria mais apropriado por ser a cor dos excrementos.
Há ainda uma terceira versão segundo a qual a cor marrom seria de forma racista ligada a clandestinidade e ilegalidade, por associação aos escravos que fugiam ou viviam de forma ilegal no país.
Independente de sua origem, o termo nos alerta para um tipo de imprensa que se sustenta através de manchetes escandalosas, geralmente impressas em letras garrafais nas cores preta ou vermelha, espalhando uma excitação, muitas vezes sobre notícias sem importância alguma, com distorções e falsidades.