Amplo estoque de armamento bélico foi construído por meio de contrabando por barcos pesqueiros e por túneis. Armas, porém, também foram roubadas de bases israelenses e construídas a partir de bombas deixadas para trás.Ao longo dos últimos dez os quinze anos, o grupo radical islâmico Hamas – considerado uma organização terrorista pela União Europeia e pelos Estados Unidos, entre outros países – acumulou armas ligeiras (armas portáteis, capazes de ser transportadas e operadas por uma única pessoa), como pistolas, armas automáticas, metralhadoras e lança-granadas, mas também sistemas mais perigosos, como mísseis guiados antitanque e mísseis de curto e médio alcance.
Mas como o Hamas conseguiu esse amplo arsenal bélico, uma vez que a Faixa de Gaza esteve em grande parte isolada por Israel e pelo Egito durante anos?
Segundos especialistas, as formas eram várias – e iam desde conhecidas, como os túneis do Hamas, até mais simples, como o contrabando por meio de pescadores, passando pelo roubo de munição de bases israelenses e até o uso de armas antigas deixadas para trás.
“Grande parte do contrabando através do mar ocorreu com a ajuda de pescadores. Israel tratava os pescadores com muita negligência, eles não eram suficientemente controlados e contrabandeavam as armas”, explica Yehoshua Kalisky, especialista em armas da think tank Instituto para Estudos de Segurança Nacional em Tel Aviv, em entrevista à TV estatal alemã ARD.
A outra rota já era conhecida por Israel: do Irã, passando pelo Sudão até o Sinai. O problema é que, uma vez que as armas chegam ao Sinai e passam pelos túneis, é impossível rastreá-las, explica Kalisky.
Reutilização
Soma-se ao contrabando, os roubos em bases militares por vezes mal protegidas, especialmente no sul do país – algo já admitido por Israel.
Além disso, destaca Kalisky, o Hamas usava armas antigas para fabricar novas, como a partir de dispositivos explosivos não detonados.
“Cerca de 15% das bombas não explodem. Isso geralmente envolve bombas mais antigas de uso geral, não bombas inteligentes”, disse Kalisky à ARD em Tel Aviv.
Esses explosivos que falharam em outro momento eram “reciclados” pelo Hamas e incorporados aos foguetes ou usados fabricar novos dispositivos explosivos.
Em dezembro, um incidente em Gaza matou dez soldados israelenses. O dispositivo explosivo veio de uma bomba que havia falhado no passado, explica Kalisky.
Uma bomba não detonada de 250 kg poderia, por exemplo, ser usada para equipar centenas de foguetes com explosivos.
O método é confirmado em um vídeo de propaganda do Hamas:
“Com este estoque da guerra de 2014, conseguimos duplicar a nossa produção de foguetes apesar do cerco e, assim, atingir a intensidade de fogo necessária para o combate”.