Esta semana promete ser fraca para os ativos financeiros devido a dois feriados. Nesta segunda-feira (6) as bolsas americanas não funcionam devido ao feriado do Dia do Trabalho, No Brasil, os mercados não funcionam no dia 7 de Setembro.
Quando os pregões americanos não funcionam, a Bolsa brasileira perde bastante liquidez. Nesse cenário, os preços podem ser muito influenciados por compras ou por vendas de ativos que, em dias normais, não seriam capazes de influir na direção do mercado.
O mesmo raciocínio vale para as manifestações agendadas para a terça-feira. Há uma grande incerteza sobre qual será o tom dos discursos do presidente da República e de seus apoiadores.
O principal risco é o de uma radicalização nas declarações, que possa indicar que o governo pode tentar um caminho alheio ao previsto na Constituição. À parte as consequências políticas gravíssimas, isso provocaria um impacto devastador nos ativos brasileiros.
É um lugar comum dizer que essa entidade chamada mercado não tem coração e se preocupa apenas com os lucros. Isso é verdade, mas há limites. Nos países desenvolvidos, os investidores são menos tolerantes a práticas que firam os direitos humanos, a democracia e às práticas ESG.
Não é apenas bondade. A experiência mostra que nos países em que os governos desrespeitam esses princípios, é maior a probabilidade de haver rupturas unilaterais de contratos e descumprimento de acordos econômicos e empresariais.
Um governo não comprometido com os limites da lei também não oferece segurança de que vai honrar os contratos. Ou seja, o risco para os investidores aumenta. E risco mais elevado significa ativos menos valorizados e prêmios mais salgados para a concessão de crédito.
Apesar da incerteza, o mercado indica que é bastante improvável haver uma ruptura institucional no Brasil. O real está se depreciando em relação ao dólar, as ações estão caindo e os juros futuros estão subindo. Isso indica uma piora nas expectativas, mas limitada ao descumprimento das metas fiscais e ao impacto econômico de um eventual racionamento de energia.
Se houvesse um temor generalizado de ruptura institucional, os números e as notícias seriam muito diferentes. O dólar estaria nas alturas, o Ibovespa teria retornado aos níveis do início da pandemia e as curvas de juros indicariam a dificuldade ou a impossibilidade de rolagem da dívida pública. Nada disso está acontecendo, o que indica uma percepção menos negativa por parte dos investidores.