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Avenida Brigadeiro Faria Lima  - Foto: Guilherme Andrade/Veja/Reprodução
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segunda-feira 31 de outubro de 2022 às 19:58h

Como a Faria Lima e os investidores externos digeriram a vitória de Lula

ELEIÇÕES 2022, NOTÍCIAS


Depois de desbancar Jair Bolsonaro (PL) pela margem mais apertada em disputas presidenciais desde 1989, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda não falou publicamente sobre como vai ser a sua política econômica. Investidores esperam agora segundo Graciliano Rocha, do UOL, pelo anúncio de quem vai integrar a equipe econômica.

  • Com relação à vitória de Lula, investidores externos têm um viés mais positivo sobre o novo governo do que boa parte da Faria Lima, mais próxima da política econômica de Paulo Guedes.

  • Os primeiros sinais no day after da eleição foram a forte valorização do real ante o dólar, que atingiu um pico de R$ 5,40 por volta das 12h05. Depois, a moeda americana começou a mergulhar numa queda de quase 2,5%, atingindo uma mínima de R$ 5,169. Movimento similar ao dos juros futuros, caindo 15 pontos nos contratos mais longos.

  • O movimento do dólar e dos juros refletem uma visão, sobretudo dos estrangeiros, de que a incerteza da eleição ficou para trás e o Brasil tem um conjunto de fatores atraentes: a) é um grande produtor de commodities; b) tem uma política de juros de dois dígitos, mas com perspectiva de controle de inflação; c) com a aceitação do resultado eleitoral por aliados importantes do presidente Bolsonaro, como o presidente da Câmara, as chances de contestação do resultado caíram.

  • O CDS do Brasil, um indicador de risco-país, recuou para 276,9 pontos, o nível mais baixo desde 23 de setembro.

  • Uma explicação para o fluxo externo para o Brasil pós-eleições é que os estrangeiros estão pouco alocados em ativos brasileiros.

  • “Quando o estrangeiro olha para cá e vê que não há contestação do resultado das eleições, que era a preocupação, isso favorece a decisão de alocar já que ele estava pouco comprado aqui. Ele não olha para as mesmas minúcias, mas para um quadro mais geral que é o possível início de um ciclo de baixa na inflação e empresas que estão sendo negociadas a um preço sobre lucro em um nível muito baixo”, avalia Wilson Barcellos, CEO da Azimut Brasil Wealth Management, uma firma de investimento de SP.

  • As estatais afundaram, refletindo uma percepção de risco maior de que companhias como a Petrobras e o Banco do Brasil percam competitividade sob o governo do PT. PETR4, a ação preferencial da petroleira, caiu 8,47% (R$ 29,81). As perdas na Petrobras superaram 10% durante o pregão, mas o movimento foi atenuado. BBAS3, o ticker do banco público, caiu 4,64% (R$ 37.02).

  • No sentido contrário, bancos privados, construtoras e conglomerados de educação – setores supostamente beneficiados com uma vitória do PT – subiram forte. No geral, o Ibovespa, índice de referência da B3, fechou o primeiro pregão pós-eleição em terreno positivo (+1,31%).

  • O que Lula disse até agora é que trocaria o teto de gastos, incorporado à Constituição durante a Presidência de Michel Temer (2016), por uma nova regra fiscal, mas ele não deu detalhes de que substituto seria esse. O petista tinha insistido que o mercado deveria olhar para os anos que governou (2003-2010), quando o país manteve disciplina fiscal, controlou inflação e gerou superávit fiscal.

  • Apenas os gastos já contratados no atual governo, como a expansão da base de beneficiários do Auxílio Brasil e a desoneração tributária sobre combustíveis (entre outros), já deverão ultrapassar R$ 100 bilhões extras neste ano. A pergunta de 1 milhão de dólares é como serão acomodados estes gastos e as demais promessas do presidente eleito.

  • “As declarações de Lula sobre a economia foram vagas até agora, mas há uma percepção de que as alianças dele, com o Alckmin na vice e o Henrique Meirelles fazendo campanha, de que o novo governo vai levar a sério o fiscal”, disse ao UOL o diretor de investimentos da Somma, Joaquim Kokudai.

  • “Até porque, se o vencedor tivesse sido Bolsonaro, ele também teria que mostrar o que pretende, já que o atual governo fez bastante coisa na contramão do fiscal desde a PEC dos Precatórios”, disse o gestor, referindo-se à regra que parcelou dívidas judiciais no ano passado e ao forte aumento de gastos do Estado durante a campanha deste ano.

  • Há muita especulação sobre quem seria o ministro da Economia, o próprio Lula já testou alguns nomes com interlocutores do mercado, mas ele não bateu o martelo.

  • Entre os especulados estão Alexandre Padilha (PT) -para repetir uma fórmula do primeiro mandato de ter um político no comando da Economia e uma equipe de técnicos não ligados ao PT- ou ex-ministro Henrique Meirelles (presidente do BC nos governos Lula 1 e 2 e ministro da Fazenda de Temer). Mas, enquanto o próprio Lula não anunciar, o mais conveniente é tratar isso como o que realmente é: espuma.

  • Em 2002, quando assumiu com um mercado financeiro mais hostil à incerteza de ter pela primeira vez o PT no governo, Lula só anunciou Antonio Palocci como ministro da Fazenda em 15 de dezembro, duas semanas antes da posse. Mas não há garantia de que Lula vá repetir o método de decisão que usou no passado.

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