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quarta-feira 30 de outubro de 2019 às 15:22h

Comissão de Saúde na AL-BA discute políticas públicas para a área de odontologia

POLÍTICA


A Comissão de Saúde e Saneamento da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) abriu as portas para a odontologia baiana nesta última terça-feira (29). Por meio de uma audiência pública, proposta pelo deputado Jacó Lula da Silva (PT), o Parlamento homenageou os profissionais da área pela passagem do Dia do Dentista, celebrado em 25 de outubro. Em discurso, o petista relembrou o tempo em que viveu na zona rural e a dificuldade de atendimento odontológico para o povo sertanejo.

Ciente dos desafios enfrentados pelos dentistas, o deputado parabenizou a classe e ressaltou o compromisso com a saúde pública. “Não é fácil ser dentista em municípios distantes e de difícil acesso, mas a gente percebe o amor pela profissão e o cuidado com as pessoas. Isso é admirável. Não sou médico como a maioria dos integrantes desta comissão. Por isso, o meu olhar é sempre de usuário dos serviços de saúde. Sei da necessidade, e da importância do dentista, uma categoria que merece todo o meu reconhecimento”, parabenizou.

O colegiado aproveitou a oportunidade para homenagear o presidente do Conselho Regional de Odontologia da Bahia (Croba) e diretor da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal da Bahia (FOUFBA), Marcel Lautenschlager Arriaga. Grato pelo reconhecimento, Arriaga ressaltou que a ocasião é o momento ideal para comemorar, desde que não se esqueça dos pleitos da classe.

Marcel Arriaga agradeceu o espaço de discussão aberto pelo colegiado e, além disso, falou sobre o avanço histórico da profissão, ressaltando a desconstrução necessária do entendimento de que odontologia trata somente de dente. Segundo Arriaga, atualmente a profissão dialoga com outros setores – tendo participação em cirurgias de trauma, além de outras áreas como estética. O convidado também criticou a situação em que a política de saúde bucal está submetida.

Insuficiência

“Estamos com um financiamento do Governo Federal insuficiente. A situação é de retrocesso a 2005. Neste sentido, a odontologia regride. Isso deixa claro que precisamos pôr a mão na massa e construir um plano de saúde bucal no Estado e nos municípios, além de criar uma coordenação de Saúde Bucal na Bahia”, enfatizou.

Arriaga também chamou a atenção para a necessidade de aumento na participação de dentistas nos hospitais, com mais vagas para buco-maxilo-facial. “Se os acidentes, sobretudo de motos, estão aumentando, precisamos mais de bucos nos hospitais. Eles são profissionais imprescindíveis para lidar com pacientes vítimas de traumas”, explicou.

A deputada Fabíola Mansur (PSB) criticou a atuação dos planos de saúde. Segundo a parlamentar as empresas que oferecem este tipo de assistência têm cerceado o acesso do cidadão à saúde. “Dão uma falsa sensação de segurança aos beneficiários, mas dificultam o serviço de saúde. Na verdade, os planos querem pacientes saudáveis e não pessoas para serem atendidas”, criticou.

A socialista ressaltou ainda a necessidade de coibir o exercício ilegal da profissão como forma de garantia de um atendimento qualificado ao indivíduo. “Quando valorizamos saúde pública de qualidade, queremos saúde de primeiro mundo. E, para isso, precisamos que profissionais da área atendam à população. São estes profissionais capacitados que têm condições de resolver os problemas”, disse.

A função das faculdades de odontologias também foram discutidas. Segundo o vice-diretor da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal da Bahia (FOUFBA), Antônio Pita, as universidades são responsáveis pela prestação de importante serviço à sociedade. De acordo com o odontólogo, somente na capital a Ufba e a Faculdade Baiana possuem 160 e 120 consultórios de atendimentos, respectivamente, proporcionando maior assistência odontológicos à população. “Multiplicando pelas outras unidades espalhadas pelo estado, superam e muito os serviços odontológicos prestados pelas redes de saúde do Estado e do Município”, afirma.

Para o diretor da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, Urbino da Rocha Tunes, faltam políticas públicas que absorvam os profissionais que saem das universidades, aptos a suprir a carência de atendimentos no território baiano.

“A academia se propõe a formar recursos humanos de qualidade, mas isso não anula a necessidade de construções de políticas públicas para a odontologia. O profissional precisa ser valorizado e os serviços precisam atender os anseios das pessoas. Por isso, a minha alegria com o reconhecimento da Assembleia Legislativa da Bahia, que abre espaço para os dentistas colocar em pauta os problemas que têm impactado a profissão”, ressaltou.

Por fim, a diretora da Associação Brasileira de Odontologia (ABO) seção Bahia, Amélia Mamede, destacou que a ABO faz o que está ao alcance para levar os serviços aos lugares menos assistidos. “A boca é um sinal de saúde. Por isso, a ABO realiza por mês na Bahia cerca de 1.5 mil atendimentos à comunidade. Também temos o Programa Um Sorriso do Tamanho do Brasil, que presta atualmente assistência odontológica a 356 crianças. Sem dúvida, tentamos fazer a odontologia chegar onde não chegava”, contou.

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