Uma audiência pública realizada nesta última terça-feira (5) pela Comissão de Saúde e Saneamento da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) proporcionou aos parlamentares da Casa o conhecimento aprofundado a respeito dos problemas enfrentados pela podologia em território baiano. De acordo com o deputado Alex da Piatã (PSD), proponente do encontro, a categoria precisa de valorização e participação garantida no Sistema Único de Saúde (SUS), tendo em vista a importância do serviço prestado ao cidadão. “Não é um serviço barato quando feito pela iniciativa privada. Normalmente ampara classe A e B. Quem precisa realmente do serviço não tem acesso”, afirmou.
Conforme explicou o vice-presidente da Associação dos Podólogos do Estado da Bahia, Hamilton Duarte, a podologia tem por função aliviar tensões, dores, tratar calosidades, verrugas e unhas encravadas, além de combater rachadura, fungos e bactérias nos pés. Duarte ainda argumentou que a podologia trabalha com diagnósticos, tratamentos e estudos. “A podologia reabilita o indivíduo para ter uma vida melhor”, defendeu.
Ainda de acordo com Hamilton Duarte, a podologia é dividida em infantil; do trabalhador; e geriátrica, participando durante toda a vida do ser humano. Além disso, os podólogos trabalham com a prevenção de outras doenças – a exemplo dos problemas de coluna. Outra situação combatida pela categoria é a amputação de membros inferiores pela diabetes.
Segundo dados do Ministério da Saúde, em 2017, 12.748 amputações foram registrados, o que representou um aumento em relação ao ano anterior, quando foram contabilizados 11.580 casos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, no mundo esse número chega a 1 milhão. “Diante do cenário, a categoria dos podólogos se faz ainda mais importante, visto que ajuda a salvar vida com a identificação de doenças e tratamento da enfermidade”, contou Duarte.
Para a presidente da Associação dos Podólogos do Estado da Bahia, Claudia Matos, a audiência pública foi oportunidade para ressaltar a necessidade de regulamentação e desmitificar a podologia. “A podologia não é a mesma coisa que estética. Muitas pessoas confundem, por exemplo, o podólogo com o pedicure pelo fato de ambos terem os pés como objeto de atuação, mas a pedicure cuida da higiene e do embelezamento do pé, enquanto que a podologia cuida da saúde do indivíduo”, explicou.
Em pronunciamento, o deputado Alan Castro (PSD) ressaltou a necessidade do serviço passar a ser oferecido nos postos de Saúde da Família nos municípios. “É algo que é necessário. Vários serviços são oferecidos à população. Penso que esse seria fundamental. Eu, particularmente, já precisei do podólogo, e resolvi meu problema de unha encravada”, afirmou.
A diretora de Atenção Especializada da Sesab, Maria Alcinda Boullosa, que no encontro representou o secretário de Saúde do Estado, Fábio Villas-Boas, explicou a ausência dos podólogos no setor público. “A podologia não está no rol de profissões que fazem parte da normativa da saúde pública. A normativa de contratação do poder público não é apenas a vontade do prefeito ou do governador de contratar. A categoria precisa constar na legislação como uma das aptas para a atuação no Sistema Único de Saúde”, disse.
De acordo com a deputada Fabíola Mansur (PSB), ainda é grande a falta de informação da sociedade a respeito da real importância dos podólogos no que tange à saúde. A socialista ressaltou a necessidade da realização de uma campanha para aproximar a temática do cidadão, de modo a alertá-lo sobre possíveis cuidados.
“Temos que fazer de tudo para evitar a mutilação. Por isso, precisamos realizar campanhas que façam o cidadão conhecer os serviços do podólogo. Entendo também que a Sesab deveria fazer um treinamento para o tratamento do pé diabético, para garantir o cuidado ao paciente enquanto a normatização não inclui o podólogo como categoria”, afirmou.