Existe alimento que traz felicidade, tal como numa poção mágica? Por que associamos o cacau e comidas calóricas de fast-food a essa sensação de bem-estar? Mas e outras comidas mais caseiras, como o típico arroz e feijão do brasileiro, são capazes de induzir esse sentimento? Isso realmente acontece?
Para responder essas e outras perguntas que explicam quais são os processos químicos que ajudam nessa sensação o portal g1 ouviu especialistas no tema.
Todos são claros: embora alimentos como os ricos em triptofano sejam importantes para o nosso bem-estar, não existe uma única comida perfeita e ideal que vai induzir sozinha essa sensação no corpo. Os especialistas defendem a prática de hábitos saudáveis associada ao melhor entendimento do que estamos comendo para que o alimento nos ajude a sermos de fato mais “felizes”.
O papel do triptofano e da serotonina
Neiva Souza, nutricionista e doutoranda em Neurologia e Neurociências pela UNIFESP explica que nenhum alimento, isoladamente, passará a sensação de felicidade.
O que acontece é que algumas comidas possuem certos nutrientes que estão envolvidos no processo que regula o humor no nosso cérebro e o triptofano é um deles.
Para entender como ele funciona, precisamos lembrar que os nossos neurônios, as células nervosas do corpo, se comunicam uns com os outros e esse processo todo de troca de informações acontece por meio dos chamados neurotransmissores, moléculas mensageiras que são liberadas de um neurônio para outro.
E é no intestino que fica o maior conjunto de neurônios fora do cérebro. São mais de 100 milhões de células nervosas que “falam” com o cérebro e informam o que está acontecendo no nosso estômago e intestino.
Por isso, ao consumirmos alimentos que possuem boas quantidades de triptofano, um aminoácido que estimula a síntese da serotonina (neurotransmissor que está associado a sensação de bem-estar), mandamos uma mensagem para o cérebro que incita o sentimento da felicidade.
Mas se a prática for isolada de uma alimentação equilibrada e hábitos saudáveis, ela não irá trazer os resultados esperados
Entre a lista dos alimentos que são fontes desse aminoácido e possuem também outras vitaminas e minerais envolvidos na formação de serotonina, os especialistas ouvidos pelo g1 citam os principais grupos:
- Carnes, peixes, ovos, leite e seus derivados;
- Sementes oleaginosas (como amêndoas, macadâmia, castanha do Pará, castanha de caju, nozes, amendoim,
- pistache, pinhão);
- Sementes integrais (principalmente a de girassol e abóbora);
- Cereais (como o arroz, aveia, milho);
- Leguminosas (como o feijão, grão de bico, ervilha e lentilha);
- Vegetais como brócolis, tomate, rúcula e cogumelo (que tem ácido fólico, que interage com a noradrenalina e com a serotonina);
- Cacau;
- Frutas como a banana e kiwi.