O comandante do Exército, Tomas Paiva, decidiu conforme a colunista Jeniffer Gularte, vetar a promoção do tenente-coronel Mauro Cid à patente de coronel. O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, que poderia entrar na próxima lista de promoções pelo tempo de serviço, ficará de fora por estar sem função, além de ser investigado em ao menos oito inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF).
Cid, no entanto, deve manter seu cargo e salário bruto atual, de R$ 27 mil. A remuneração só será suspensa se o tenente-coronel for condenado na Justiça.
Mauro Cid integra a turma da Academia Militar das Agulhas Negras de 2000, a próxima a entrar no rol de promoções a coronel.
Pelo seu histórico de atuação na Força até se tornar ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, Cid estaria bem posicionado a se tornar coronel. Embora esteja afastado, o tenente-coronel ainda integra o Exército.
O tenente-coronel, contudo, está sem função no Exército desde setembro do ano passado, e é investigado, entre outros, sob suspeita de ter contribuído com conspirações golpistas e de um esquema de falsificação de certificados de vacinação de Covid-19.
Nesta terça-feira, Cid, Bolsonaro e outras 15 pessoas foram indiciadas pela Polícia Federal pelos crimes de associação criminosa e inserção de dados falsos em sistema de informação. As investigações se referem a suposta fraude em certificados de vacinação contra a Covid-19. Além de Mauro Cid, foram indiciados o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais 15 pessoas.
Pelas regras atuais do Exército, Cid poderia ser impedido de concorrer à promoção caso se tornasse réu na Justiça. Como publicou o jornal O Globo, contudo, o comando do Exército e o governo já davam como certo o veto à promoção de Cid, sob o argumento de que a própria condição atual do militar o impede de ser promovido.
A decisão, afirmam, ocorreria independentemente de um eventual indiciamento da Polícia Federal, confirmado nesta terça-feira, ou de denúncia do Ministério Público Federal (MPF) nas próximas semanas.
Em curso, a temporada de promoções da Força divulgará em 30 de abril a lista de oficiais escolhidos para subirem de posto. Antes disso, Tomás Paiva dará a palavra final negando a possibilidade de promoção. Pelos critérios do Exército, apenas uma denúncia do MPF aceita pela Justiça tornaria Mauro Cid impedido de ser promovido.
Antes de chegar à mesa do comandante do Exército, as promoções passam pelo crivo da Comissão de Promoções de Oficiais, colegiado formado por 18 generais e presidido pelo chefe do Estado-Maior do Exército. Esse grupo já vetou a possibilidade de avanço na carreira de Cid.