O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello foi convocado para uma reunião na tarde desta segunda-feira (24) com o comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira, após a polêmica gerada por sua participação em manifestação pró-Bolsonaro, no Rio de Janeiro, neste domingo. Pazuello, que é general da ativa, subiu ao palanque e discursou ao lado do presidente. Integrantes das Forças Armadas são proibidos de participar de atos políticos. Uma eventual punição não está descartada.
Segundo o R7 o encontro foi marcado “de comum acordo” entre os dois oficiais e que Pazuello mantém “boas relações” com o atual comandante do Exército. Mas ambos estão diante de um problema político e disciplinar. Para a cúpula militar, a participação de um oficial da ativa em evento de claro caráter político é inadmissível porque passa às tropas a idéia de que o ato de indisciplina é aceitável.
Entre integrantes da cúpula militar, sempre houve contestação ao fato de Pazuello, um general de três estrelas, assumir o cargo de ministro de estado, função considerada eminentemente política. À época, a resistência explícita veio do então comandante do Exército, general Pujol, substituído por Bolsonaro na última troca ministerial.
A percepção geral é de que a atuação de Pazuello no evento público expõem também o ministro da Defesa, Braga Netto, que será cobrado pelos insatisfeitos na cúpula militar. O próprio Braga Netto participou de evento semelhante ao lado de Bolsonaro. A diferença é que atual ministro da Defesa é um militar reformado.
O encontro se dá em contexto desfavorável para o ex-ministro, que acaba de prestar depoimento à CPI da Covid no Senado. Suas declarações à comissão de inquérito foram vistas como forma de blindar a atuação do presidente Bolsonaro na crise de saúde. Há, inclusive, pedidos de reconvocação de Pazuello que devem ser apreciados pela CPI nesta quarta-feira.