A crise no mercado de trabalho agravada pela pandemia fez a taxa de desemprego ficar em 13,9% no último trimestre de 2020. Segundo dados da Pnad Contínua, divulgada nesta sexta-feira (26) pelo IBGE, o desemprego atinge 13,4 milhões de brasileiros.
Na média do ano, a taxa ficou em 13,5% – o pior resultado da atual série histórica do IBGE, iniciada em 2012. Em 2019, a taxa média fora de 11,9%. E nunca antes tinha superado os 13%.
O resultado para dezembro veio em linha com as previsões dos analistas do mercado financeiro e representa uma melhora em relação ao terceiro trimestre – em setembro, a taxa encerrou em 14,6%. Mas, sazonalmente, o desemprego costuma cair em dezembro e a taxa agora é bem maior do que em 2019, quando terminou o ano em 11%.
Ao todo, faltou trabalho para 31,2 milhões de brasileiros entre outubro e dezembro. Esse contingente de subocupados inclui, além dos desempregados, os que trabalharam menos horas do que poderiam e os que estavam disponíveis para trabalhar mas não procuravam uma vaga por algum motivo qualquer, como achar que não conseguiriam.
O indicador de dezembro veio melhor do que o registrado no trimestre encerrado em setembro, que serve como base de comparação. No período, 14,1 milhões de pessoas estavam sem emprego e a taxa chegou a 14,6%, a maior já registrada para um trimestre na série do instituto.
Analistam avaliam que o recrudescimento da Covid-19 dificulta a retomada de postos formais e informais e faz recuar o contingente de pessoas em busca de uma vaga, uma vez que a segunda onda inibe a procura por trabalho e pode limitar o crescimento da taxa de desemprego.
A taxa é calculada levando em conta quem está procurando emprego. Quem está sem trabalhar mas não busca uma vaga é considerado desalentado e não entra na taxa de desemprego.
Por outro lado, o fim do auxílio emergencial em dezembro pressiona o índice, com mais pessoas buscando uma vaga e saindo do desalento.
Desde dezembro, o pagamento do auxílio emergencial foi suspenso. E a votação de um projeto que pode liberar uma nova rodada de auxílio está travada no Congresso.
Segundo estimativas do pesquisador Daniel Duque, da Fundação Getulio Vargas, mais 22 milhões de brasileiros que não eram pobres antes da pandemia, em 2019, entraram na pobreza neste início de 2021, como reflexo do fim do auxílio e do aumento do desemprego.
A ONG Ação da Cidadania estima que 10,3 milhões sofrem de insegurança alimentar, com um número crescente tendo a fome como rotina.