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terça-feira 25 de outubro de 2022 às 05:56h

Com o PTB sem dinheiro, grupo de Roberto Jefferson busca sobrevida na fusão com o Patriota

NOTÍCIAS, POLÍTICA


Ainda sob o impacto do episódio envolvendo os ataques de Roberto Jefferson a agentes da Polícia Federal que cumpriam um mandado do Supremo Tribunal Federal, o PTB discute nesta terça-feira (25) segundo Malu Gaspar, do O Globo, uma fusão com o Patriota. Com as contas bloqueadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e sem atingir a cláusula de barreira, o partido vê no casamento a única saída para a sobrevivência.

Segundo o que a equipe do blog apurou, as direções das duas siglas se reunem em Brasília nesta terça para fechar o acordo e sacramentam o casamento quarta (26), em reunião com os diretórios regionais petebistas.

O encontro já estava previsto antes da prisão de Jefferson, que é presidente de honra do PTB e domina politicamente a sigla.

O episódio que transformou seu líder num zumbi político até para os bolsonaristas tornou a fusão ainda mais fundamental para a sobrevida da legenda, uma vez que o partido não conseguiu eleger deputados para atingir a cláusula de barreira e não vai mais receber mais verba do fundo eleitoral.

Pelo acordo com o Patriota, o PTB, que elegeu apenas um deputado, fornece ao novo partido a estrutura formada por 1 milhão de filiados e diretórios em todos os estados ao nanico Patriota, que elegeu quatro parlamentares mas também não atingiu a cláusula de barreira.

Juntos, as duas legendas teriam condições de superar a cláusula. Embora não atinjam o mínimo de 11 deputados, atenderiam ao critério de 2% dos votos válidos em pelo menos nove unidades da federação.

A situação do PTB já era complexa antes da prisão em flagrante de Jefferson, que deu 20 tiros de fuzil e atirou granadas contra policiais federais no domingo.

O partido está com as contas bloqueadas do PTB por conta de divergências na prestação de contas apresentada à Justiça Eleitoral em 2013. Por causa disso, vem enfrentando dificuldades em honrar compromissos de campanha em diferentes diretórios.

O partido fez apostas milionárias nas candidaturas da filha de Jefferson, Cristiane Brasil (SP), do genro, Marcos Vinicius Neskau (RJ) e seu filho Roberto Jefferson Filho (PA). Cristiane recebeu R$ 2,87 milhões e recebeu apenas 6.730 votos. O irmão captou R$ 2,5 milhões e teve 1.833 votos no Pará. Neskau teve 24 mil votos no Rio, mas o desempenho na urna e os R$ 3,3 milhões do PTB investidos em sua campanha não foram suficientes para elegê-lo

Segundo um importante dirigente do PTB, ouvido sob reserva pela equipe da coluna, é provável que o partido resultante da fusão abandone as referências trabalhistas e mantenha o Patriota, de apelo direitista. O nome foi escolhido pelo seu então dirigente, Adilson Barroso (hoje no PL), na tentativa de abrigar Jair Bolsonaro em 2018.

No auge, em 2002, o PTB chegou a eleger 52 deputados federais. Jefferson assumiu o comando da legenda no ano seguinte. Fundado por Ivete Vargas durante a reabertura política do Brasil, o partido buscava resgatar a sigla de Getúlio Vargas, João Goulart e Leonel Brizola, cassada pela ditadura.

Mas, nos últimos anos, assumiu agendas de extrema-direita e tentou atrair Bolsonaro, que acabou optando pelo PL.

Na última eleição, o PTB se transformou em linha auxiliar do bolsonarismo, fornecendo ao presidente da República um candidato-laranja para fustigar os adversários de Bolsonaro nos debates da TV, o autodenominado Padre Kelmon.

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