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domingo 21 de maio de 2023 às 07:31h

Com foco em 2026, Eduardo Paes busca aproximação com União Brasil e Republicanos

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A mudança no comando dos diretórios fluminenses de União Brasil e Republicanos, além da indefinição de um nome de direita ligado ao bolsonarismo após o veto de Jair Bolsonaro (PL) à candidatura de Flávio, levaram o prefeito Eduardo Paes (PSD) a intensificar a aproximação com as duas legendas de centro-direita em busca de uma possível composição para sua chapa à reeleição em 2024, e já de olho em 2026. Paes enxerga no União a possibilidade de acomodar parte de seu grupo, incluindo segundo Marcelo Remigio, do O Globo, o deputado federal Pedro Paulo (PSD), para lançá-lo como nome da sigla na vaga de vice.

Homem de confiança do prefeito, Pedro Paulo assumiria o governo municipal com a desincompatibilização de Paes numa possível candidatura ao governo do Rio em 2026. Numa eventual vitória, o prefeito e seu grupo controlariam o Palácio Guanabara e a prefeitura da capital.

De acordo com interlocutores de Paes, o plano do prefeito de abrigar parte de seus aliados no União ainda tem um longo caminho de negociações. A sigla está sob o controle político de dois deputados estaduais ligados ao governador Cláudio Castro (PL), Márcio Canella e o presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio (Alerj), Rodrigo Bacellar (PL). Os dois mantêm alinhamento com o bolsonarismo.

Carta na manga

A resistência maior seria de Bacellar. No entanto, Paes conta com a possível interferência do vice-presidente nacional, Antônio Rueda, que assumiu o comando estadual da legenda. Numa possível negativa a Pedro Paulo no União, o prefeito ainda teria como carta na manga o presidente da Câmara Municipal do Rio, Carlo Caiado (PSD), nome que, segundo interlocutores, é melhor aceito pelos aliados.

Já no Republicanos, que historicamente é alinhado com o grupo do ex-presidente Jair Bolsonaro, Paes busca apoios isolados. A legenda também teve o comando estadual substituído recentemente, com o embarque do prefeito de Belford Roxo, Wagner Carneiro, o Waguinho. Cacique da política da Baixada Fluminense, ele assumiu a presidência estadual. Ligada à Universal do Reino de Deus, a legenda tenta descolar seu grupo político do núcleo da igreja, o que facilitaria as alianças.

O Republicanos abriga o ex-prefeito e adversário político de Paes, deputado federal Marcelo Crivella. Mas a relação dos dois anda pacificada, após uma negociação que passou pela promessa de interferência do grupo de Paes na aprovação das contas dos anos de 2019 e 2020 de Crivella pela Câmara Municipal. As prestações tiveram pareceres contrários do Tribunal de Contas do Município (TCM) e uma possível reprovação pode deixar o ex-prefeito inelegível até 2032. Paes controla a maioria dos vereadores da Casa e poderia influenciar na votação.

Ainda pelo lado do Republicanos, Waguinho tem se aproximado do grupo de Paes e é aliado de Lula. Ele e sua mulher, a ministra do Turismo, Daniela Carneiro, foram fundamentais para o petista obter votos na Baixada Fluminense na disputa pelo Planalto.

No partido há resistências a Pedro Paulo por parte do grupo do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha. Embora ele não seja filiado à legenda, o ex-parlamentar tem forte influência no núcleo político da sigla e estuda filiar sua filha e deputada federal Dani Cunha (União) e pleitear a presidência do diretório municipal para ela. Sua migração para o Republicanos depende de negociação com o União, sob o risco de perda de mandato por infidelidade partidária.

Outra barreira a ser enfrentada por Paes para colocar em prática sua estratégia é o aval do PT. Aliado, o partido integra seu secretariado e se mostra interessado em pleitear a vice. Dois nomes são cotados: o secretário de Assistência Social e ex-vice de Paes, Adilson Pires, e a secretária do Ambiente, Tainá de Paula. De acordo com um interlocutor petista, entre os nomes de Paes, Caiado tem uma relação mais próxima com o partido. O vereador seria uma opção para convencer o PT a desistir da vaga de vice em troca de maior espaço num novo governo.

Ainda segundo esse interlocutor, a definição do apoio também estará vinculada ao desempenho do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Melhorias na economia e aumento da aprovação de Lula cacifariam um nome do PT. Um recado de petistas chegou a ser enviado a emissários de Paes, no qual afirmaram que um “vice não ganha eleição, mas ajuda a perder”.

O que o prefeito tem pela frente

Pesa contra

União Brasil: Os deputados Márcio Canella e Rodrigo Bacellar são alinhados ao bolsonarismo. Paes terá de quebrar resistências a Pedro Paulo como seu vice
Republicanos: Sofre influência de caciques como Eduardo Cunha. Não filiado, ele trabalha para a filha, a deputada Dani Cunha, assumir o diretório da capital

Pesa a favor

União Brasil: Com as mudanças no diretório estadual, pode buscar aproximação com o presidente Antônio Rueda e encontrar espaço
Republicanos: Com Waguinho, próximo a Lula, a sigla coloca limite entre o núcleo político e o grupo da Universal, facilitando alianças

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