O mercado de debêntures incentivadas tem ganhado destaque em 2024, impulsionado pela decisão da Eletrobras de lançar R$ 1,63 bilhão em debêntures incentivadas com prazo de dez anos. Essa movimentação tem aquecido o setor e colocado esses fundos em evidência devido à sua resiliência e rentabilidade, que superam diversas outras classes de ativos domésticos.
Segundo um relatório da XP, os fundos de debêntures indexados ao CDI se posicionam em segundo lugar em termos de retorno, ficando atrás apenas dos fundos globais que se beneficiaram da valorização do dólar. Este cenário tem despertado o interesse de investidores e gestores, que veem nas debêntures incentivadas uma alternativa sólida em meio à volatilidade do mercado.
Analistas apontam uma série de fatores que impulsionam a valorização das debêntures incentivadas, entre eles mudanças regulatórias e condições de mercado favoráveis. Laurence Mello, CIO de Fundos Alternativos e Crédito da AZ Quest, destaca que a demanda crescente por ativos isentos de impostos tem contribuído para o bom desempenho.
As recentes alterações na resolução 5.118 do Conselho Monetário Nacional (CMN), que modificou as regras para emissões de CRIs, CRAs, LCIs e LCAs, também resultaram em um aumento na procura pelas debêntures incentivadas, elevando o preço desses títulos.
Já Rodrigo Wainberg, analista da Suno e responsável pelo fundo SNID11, observa que o baixo desempenho dos ativos de renda variável em 2024 — com o Ibovespa estável e uma queda de mais de 11% nas small caps — fez com que os investidores buscassem refúgio em ativos de renda fixa indexados ao CDI. Com a perspectiva de aumento da taxa Selic para 11,25% ao ano, os fundos de debêntures incentivadas se tornou ainda mais evidente.
Os fundos de debêntures incentivadas atrelados ao CDI, que oferecem um “hedge” natural contra a volatilidade do mercado, têm sido os mais rentáveis em 2024.
Rafael Ohmachi, sócio e head de fundos líquidos da RB Asset, avalia que esses fundos, ao trocar o indexador, são menos impactados pelas oscilações da curva de juros, sobretudo em períodos de instabilidade.
Enquanto os fundos indexados ao IPCA sofreram com a abertura da curva de juros, os fundos atrelados ao CDI conseguiram manter seu desempenho. Ainda assim, Wainberg ressalta que os fundos ligados à inflação continuam a apresentar um efeito de carrego positivo, que ajuda a compensar as oscilações do mercado.
A gestão ativa tem sido apontada como um dos elementos cruciais para o sucesso dos fundos de debêntures. Ohmachi reforça que, em um ambiente de taxas de juros incertas, a capacidade de adaptação e a implementação de estratégias eficazes são fundamentais para alcançar bons resultados.
O fundo RB Capital Debêntures Incentivadas FIC FI RF, por exemplo, tem como estratégia a busca de ativos com risco-retorno atrativo e uma atuação proativa no mercado secundário.
Essa abordagem permitiu que o fundo alcançasse um retorno de 11,91% em 2024, destacando-se no mercado. Da mesma forma, o fundo AZ Quest Debêntures Incentivadas conseguiu um rendimento acumulado de 8,95% no ano, mesmo com os índices Anbima atrelados ao IPCA com desempenho inferior ao CDI.
O fundo SNID11, gerido pela Suno Asset, também apresentou resultados positivos, com um carrego acima de CDI + 2,2% e movimentações que mantiveram o valor da cota patrimonial em alta. Segundo Wainberg, o fundo negociou próximo ou acima do valor patrimonial na maior parte do tempo, acelerando os retornos e beneficiando seus cotistas.
O cenário atual do País tem favorecido os fundos de debêntures incentivadas, especialmente os indexados ao CDI, que têm se mostrado uma opção atraente para investidores que buscam alternativas rentáveis e resistentes em meio à volatilidade do mercado.