Com seus principais candidatos confirmados após as últimas convenções partidárias deste fim de semana, a disputa eleitoral em São Paulo abre o mês de agosto, no qual as campanhas vão às ruas, com o cenário segundo Juliana Arreguy, do Metrópoles, mais acirrado dos últimos 28 anos.
O prefeito Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição, o deputado federal Guilherme Boulos (PSol) e o apresentador José Luiz Datena (PSDB) aparecem embolados no topo das pesquisas de intenções de votos, seguidos pelo influenciador Pablo Marçal (PRTB). Atrás correm a deputada Tabata Amaral (PSB) e a economista Marina Helena (Novo).
Na semana passada, a pesquisa Genial/Quaest mostrou empate técnico na liderança pela Prefeitura da capital entre Nunes (20%), Datena (19%) e Boulos (19%) – a margem de erro é de 3,1 pontos percentuais para mais ou para menos. Marçal apareceu em 4º, mas relativamente próximo, com 12%, seguido por Tabata (5%) e Marina Helena (3%).
Foi o primeiro levantamento feito desde que Datena confirmou sua candidatura pelo PSDB, após quatro desistências de concorrer em eleições, em uma chapa 100% tucana e com o ex-senador José Anibal de vice.
O cenário da Quaest apresentou maior proximidade entre os quatro primeiros colocados em relação ao Datafolha do início de julho, que mostrou empate entre Nunes (24%) e Boulos (23%) com uma margem de erro de 3 pontos percentuais.
Os dois adversários trouxeram para a capital paulista a polarização nacional entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), aliado de Boulos, e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que apoia Nunes.
Além disso, o psolista e o emedebista acataram como vices as respectivas indicações de Lula e Bolsonaro: a ex-prefeita Marta Suplicy (PT), no caso de Boulos, e o Coronel Mello Araújo (PL) na chapa de Nunes.
Embolados atrás no Datafolha apareceram Datena (11%), Marçal (10%), Tabata (7%) e Marina Helena (8%). Tanto Datena quanto Tabata tentam se colocar como alternativas de terceira via, embora não utilizem este termo, para furar a polarização. Desde que lançou sua pré-candidatura, no entanto, Tabata desidratou nas pesquisas e disputará isolada na cidade, sem alianças e com um vice do mesmo partido.
Marçal e Marina Helena também saem candidatos com chapas puro-sangue, mas miram na polarização para atrair o eleitorado conservador de direita da capital. Marçal, inclusive, tem se apresentado como outsider abertamente bolsonarista, de olho na fatia de apoiadores de Bolsonaro que não deseja votar em Nunes.
Disputa acirrada entre candidatos
Levantamento feito pelo Metrópoles mostra que desde 1996 nenhuma pesquisa realizada há dois meses das eleições mostrou um cenário tão apertado entre o pelotão de cima dos levantamentos eleitorais.
Naquele ano, o Datafolha mostrou Celso Pitta (PPB), que sairia vitorioso nas eleições, à frente com 29%, seguido de Luiza Erundina (PT), com 24%, Francisco Rossi (PDT), com 16%, e o tucano José Serra, com 12%.
A diferença entre Serra e Pitta, de 17 pontos, se aproxima da distância entre Nunes e Marçal no mais recente Datafolha, de 14 pontos. Em nenhum outro ano o candidato que apareceu numericamente em quarto lugar pontuou mais de 10% fora da margem de erro.
No início de agosto de 2000, por exemplo, no ano em que Marta Suplicy foi eleita prefeita, a petista liderava o Datafolha com 36% e distanciava 20 pontos do segundo colocado, Paulo Maluf (PPB), com 16%.
Já em 2016, Celso Russomanno (PRB) figurava em primeiro, com 31%, 15 pontos à frente de Marta, então no PMDB e segunda colocada, com 16%. João Doria (PSDB), que aparecia numericamente em quinto, com 5%, venceu as eleições daquele ano ainda no primeiro turno.
Nas últimas eleições municipais, a primeira pesquisa eleitoral das campanhas mostrou Russomanno liderando com 29%, seguido de Bruno Covas (PSDB), com 20%, Guilherme Boulos, com 9% e Márcio França, com 8%. Covas venceu as eleições após disputar o segundo turno contra Boulos. O tucano morreu em maio de 2021, vítima de um câncer, e foi sucedido pelo seu vice, o atual prefeito Ricardo Nunes.