Com Jair Bolsonaro (PL) inelegível até 2030, o clã do ex-presidente e os aliados mais próximos trabalham segundo a coluna de Malu Gaspar, do O Globo, em uma estratégia de sobrevivência política que passa pelas eleições municipais, mas que também já inclui planos para o pleito de 2026.
Os Bolsonaro chegaram à conclusão de que precisam reforçar a oposição ao petismo no Senado, mesmo que Lula não seja candidato à reeleição em 2026.
Por isso, consideram lançar como candidatos a senadores o filho zero três do ex-presidente, o hoje deputado federal Eduardo Bolsonaro, que disputaria a vaga por São Paulo, e a ex-primeira-dama Michelle, que poderia concorrer no Distrito Federal.
Como o filho zero um de Bolsonaro, Flávio, também deve se candidatar à reeleição para o Senado em 2026, os três parentes do ex-presidente da República poderiam formar uma bancada familiar e reforçar a posição da direita na Casa, onde Lula tem maioria hoje e aprova suas pautas sem grandes dificuldades.
A avaliação que os Bolsonaro e seus aliados têm feito nas reuniões internas do PL é de que os três têm boas chances de vitória em uma campanha que aproveitasse o capital político de Jair Bolsonaro para turbinar as chances da família.
Na capital federal, onde Michele disputaria a vaga, Bolsonaro venceu Lula no segundo turno, com 58,81% dos votos válidos contra 41,19% do petista. A ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos Damares Alves também foi eleita senadora.
Bolsonaro também derrotou Lula em São Paulo, estado onde Eduardo vai concorrer, e conseguiu eleger para o Senado o ex-ministro da Ciência e Tecnologia Marcos Pontes. O astronauta obteve 49,68% dos votos válidos, quase três milhões de votos a mais que Márcio França (PSB), atual ministro dos Portos e Aeroportos do governo Lula.
“Caso as duas candidaturas sejam confirmadas, a costura das alianças de Eduardo, em SP, e de Michelle, no DF, vai nos permitir prever com mais clareza os prováveis rumos do bolsonarismo: se o presidente tem condições de se consolidar como um polo aglutinador das várias correntes da direita (liberalismo econômico, conservadorismo religioso, etc), ou se tenderá a se enclausurar em um gueto ideológico”, avalia o cientista político Paulo Kramer, que ajudou a formular o plano de governo de Jair Bolsonaro na campanha presidencial de 2018.