Em meio a críticas do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ao trabalho de articulação política do Planalto, deputados e senadores vão abrir nesta semana os trabalhos da CPMI dos ataques de 8 de janeiro. Há uma indefinição sobre quem ficará com a presidência do colegiado e com a relatoria.
Renan Calheiros, como publicou a coluna Radar, atua para ser relator pelo Senado enquanto a Câmara — o nome mais citado na semana passada era o deputado Arthur Maia — ficaria com a presidência da comissão. A briga de Calheiros com Lira, no entanto, já começou a provocar mudanças na estratégia do Planalto, que poderia indicar o presidente — fala-se em Omar Aziz — e deixar a relatoria para outro nome da Câmara.
Em uma entrevista ao Globo, no fim de semana, Lira distribuiu recados a Lula e seus ministros justamente num momento em que a Câmara também avança para investigar invasões do MST, movimento com fortes relações com o governo.
“O governo precisa se organizar, mais especificamente a Secretaria de Relações Institucionais”, disse Lira.
Além de revelar insatisfação com o trabalho de Alexandre Padilha, Lira deixou claro que a insatisfação com o ministro decorre do perfil centralizador de Lula e da Casa Civil de Rui Costa neste mandato.
“Talvez a turma precise descentralizar mais, confiar mais. Se você centraliza, prende muito”, disse o presidente da Câmara.
Lira deixou claro que deseja trabalhar em parceria com o governo, mas mostrou não acreditar na forma de fazer política do Planalto, negociando apoio no Parlamento em troca de ministérios.
O governo terá de lutar o front dos atos antidemocráticos e também na investigação contra o MST — um território mais complexo, já que o motor da investigação é a poderosa bancada ruralista.
A insatisfação da base com Padilha decorre do estilo petista de articular com o Congresso. Na prática, o ministro faz o canal entre as demandas do Parlamento e o balcão de “benefícios” do Planalto. Como a palavra final não é de Padilha, mas sim de Lula e de Rui Costa, nem sempre o que é combinado com Padilha acaba se concretizando, o que provoca críticas como a de Lira.