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terça-feira 12 de novembro de 2024 às 06:51h

Com apoios ‘fechados’, Alcolumbre já divide postos entre partidos e incomoda bolsonaristas

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Com amplo apoio de partidos e sem adversários bem posicionados para disputar a presidência do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) já começou segundo Lauriberto Pompeu, do O Globo, a definir os principais espaços da Casa. O parlamentar do União Brasil recebeu publicamente os apoios de PL, PT, PP, PSB, Republicanos e PDT. Juntas, essas bancadas, além do União Brasil, possuem 48 senadores, o que já seria suficiente para elegê-lo em primeiro turno. São necessários 41 votos. O acordo firmado com o PL, no entanto, causou ruído entre bolsonaristas.

Nos próximos dias, há a expectativa de que PSD e MDB se somem à aliança, o que dará a Alcolumbre um grupo com 73 senadores. Hoje não há nomes de peso para enfrentar o parlamentar. Eliziane Gama (PSD-MA), Marcos Pontes (PL-SP) e Soraya Thronicke (Podemos-MS) chegaram a ensaiar uma candidatura, mas nos três casos não há respaldo dos respectivos partidos.

Alianças costuradas — Foto: Editoria de Arte
Alianças costuradas — Foto: Editoria de Arte/O Globo

Pelos acordos firmados, já há uma definição em relação aos principais cargos. Algumas sigas, como o PL e parte do PT, porém, ainda buscam construir um cenário mais vantajoso para suas bancadas.

Disputa pela CCJ

O principal colegiado da Casa, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), por exemplo, ficará, segundo o apalavrado, nas mãos do PSD. Aliados de Alcolumbre e integrantes do PSD dizem que Otto Alencar (BA) deverá ser o nome do partido para comandar o colegiado. Uma outra ala do Senado, no entanto, avalia que a comissão pode ser comandada pelo atual presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

Parte dos aliados sustenta que o colegiado costuma ser comandado por ex-presidentes da Casa, como é o caso do próprio Alcolumbre e como foi com o ex-senador Edison Lobão (MDB-MA).

Apesar do avanço na distribuição dos postos no Senado, uma ala do PL ainda resiste a esses acordos. A primeira vice, principal lugar da Mesa Diretora depois da presidência, está encaminhada para Eduardo Gomes (PL-TO). Mas senadores da ala mais bolsonarista do partido rejeitam esse posto e querem, em vez disso, indicar alguém para comandar justamente a CCJ.

Para conseguir o colegiado, há uma mobilização para filiar mais senadores ao PL, a segunda maior bancada, e fazer com que a sigla passe o tamanho do PSD, que é o maior partido, tendo assim a preferência pela escolha das comissões.

Aliados de Alcolumbre, no entanto, insistem no acordo para deixar a CCJ com o PSD. O senador Marcos Rogério (PL-RO), que hoje é vice-presidente da Comissão de Constituição e Justiça, é um dos que dizem que é preciso ter mais claro o cenário na Casa antes de definir os espaços dos partidos.

— Ainda não tem uma definição exata. São construções em curso. Antes de anunciar espaços e nomes é preciso montar o tabuleiro. Caso contrário, aumenta a dificuldade.

Eliziane Gama se lançou como candidata a chefiar a Casa, mas o PSD vai se reunir e deve sacramentar o apoio a Alcolumbre. A reunião foi convocada por Omar Aziz (PSD-AM), que está na liderança do partido.

Pacheco, que teve o senador do União Brasil como principal padrinho de suas duas eleições para comandar a Casa, já declarou que apoia o favorito.

Da mesma forma, Otto Alencar, que está de forma interina na liderança do governo no Senado, declarou que também apoia o candidato do União Brasil. Apesar disso, Alencar evita falar sobre a possibilidade de assumir a CCJ:

— Declarei apoio ao Davi, respaldando a decisão do nosso presidente Rodrigo Pacheco, membro e figura de maior destaque do PSD.

Além de Eliziane, outros nomes do partido chegaram a ser apontados como possíveis candidatos, como Alencar e Angelo Coronel (BA), mas hoje ambos apoiam o senador do União Brasil.

No fim de outubro, Pacheco disse em um evento do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP) que respeita a candidatura de Eliziane, mas declarou que vai apoiar Alcolumbre:

— (Ela) sabe da minha posição de apoio ao presidente Davi Alcolumbre.

No partido de Jair Bolsonaro, embora o nome de Eduardo Gomes esteja encaminhado para ocupar a primeira vice-presidência, ainda haverá diálogos interno. Gomes planeja fazer rodadas de conversas com os colegas de legenda até a semana que vem para construir um consenso em torno de seu nome.

Na semana passada, em entrevista à rádio AuriVerde Brasil, Bolsonaro deu uma declaração que foi interpretada como de apoio ao senador Marcos Pontes (PL-SP) como vice na Mesa a ser comandada por Alcolumbre.

Mesmo com o PL apoiando Alcolumbre, Pontes disse que vai ser candidato e concorrer contra o parlamentar do União Brasil.

— Queremos lançar Marcos Pontes candidato ao Senado. Está quase certo. A gente teria a 1ª vice-presidência — disse o ex-presidente.

Após a repercussão da entrevista, no entanto, de acordo com integrantes do PL, o ex-presidente enviou uma mensagem de áudio para Eduardo Gomes afirmando que foi mal interpretado. Disse que não tinha falado sobre ter Pontes na vice-presidência, e sim sobre o fato de que o partido indicará alguém para o posto.

Em relação à estratégia para ter a CCJ, a ala do PL que prefere indicar a primeira-vice considera improvável a manobra de filiar mais senadores e ultrapassar o PSD. De acordo com esse grupo, se o PL atrair mais parlamentares, o PSD conseguiria agir para atrair ainda mais, pois teria a ajuda do governo.

O PL decidiu apoiar Alcolumbre após uma reunião que contou com a presença de Jair Bolsonaro. Já o Podemos liberou a bancada para votar como quiser. Apesar de Soraya Thronicke ter ensaiado uma candidatura, o líder da legenda, Rodrigo Cunha (AL), é aliado do ex-presidente do Senado.

Indecisão no PT

Já o PT ainda não definiu as comissões que comandará, mas deverá ficar com a de Relações Exteriores, Meio Ambiente ou a de Desenvolvimento Regional. Na Mesa Diretora, os petistas ficarão com a segunda vice-presidência.

O partido inicialmente havia pedido a primeira vice, mas o cargo já estava prometido ao PL, e também mirava a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), que já estava sinalizada ao MDB. Esse último colegiado é importante por pautar indicações de diretores e do presidente do Banco Central, além de analisar a escolha de integrantes de agências reguladoras.

Apesar do avanço nos acordos, um grupo do PT avalia que é preciso insistir na primeira vice. Mesmo dentro desse grupo que está insatisfeito com a negociação por espaços, há uma avaliação de que é difícil se contrapor à candidatura de Alcolumbre.

— Ao que eu saiba as coisas não estão definidas. Os partidos colocaram os pleitos. Para nós é simbólico ter a primeira vice — disse a senadora Teresa Leitão (PT-PE), vice-líder do partido: — O apoio foi colocado em um contexto, dos nossos pleitos na composição dos espaços e das nossas pautas, que para nós precisa ser considerado. Por outro lado, até agora não há outra candidatura oficializada. Vamos ter ainda outra rodada de conversas entre nós.

Outros integrantes do PT, no entanto, minimizam não ter a primeira vice e dizem que Eduardo Gomes é um nome considerado da ala do PL que não é radical. Gomes foi líder do governo de Jair Bolsonaro no Congresso, mas tem bom trânsito com a gestão atual do Poder Executivo. À época do exercício da função, chegou a acumular críticas de bolsonaristas da ala mais radical.

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