De acordo com a coluna de Malu Gaspar, não é só no meio político que a proximidade das eleições presidenciais está causando efeitos. No Supremo, alguns ministros já se movimentam com vistas a 2023. Dias Toffoli, por exemplo, enviou emissários – dois deputados federais e alguns advogados amigos – para tentar promover a paz entre ele e Lula.
Há até pouco tempo, o ex-presidente só se referia a Toffoli com mágoa e ressentimento, principalmente por causa da decisão do ministro que inviabilizou a ida de Lula ao enterro do irmão, Vavá, em janeiro de 2019.
Toffoli deu um despacho horas antes da cerimônia, permitindo que o ex-presidente encontrasse os familiares apenas num quartel em São Paulo, mas não no velório, o que fez Lula desistir de sair da cadeia em Curitiba.
Para Lula, que foi quem nomeou Toffoli para o STF, esse gesto pesou mais até do que a aproximação do ministro com Jair Bolsonaro (PL), diz Malu Gaspar, ou o fato segundo ela, de ele se referir ao golpe militar de 1964 como o “movimento de 1964”.
A interlocutores próximos, Lula vinha dizendo que considerou a atitude de extrema ingratidão. Lembrava, ainda, que enfrentou um desgaste grande para nomear Toffoli em 2009, porque na época suas qualificações para o posto sofreram muitos questionamentos no Congresso.
Depois que algumas informações sobre essa mágoa do ex-presidente surgiram na imprensa, porém, o ministro acionou dois deputados do PT e advogados amigos para amaciar o espírito do presidente.
Um dos argumentos usados por eles nas conversas com Lula é que “quando precisou, Toffoli estava lá”. Referem-se especialmente ao voto favorável nas discussões sobre ações diretas de constitucionalidade, que possibilitaram a saída de Lula da cadeia.
Segundo esses emissários, ainda não dá para dizer que Lula cedeu, mas ele já estaria menos taxativo em relação ao ministro.