A âncora Patrícia Calderón fez um desabafo ao vivo durante entrevista por transmissão online com Fernando Collor de Mello no Jornal da Manhã da Rádio Jovem Pan de Fortaleza. A jornalista contou ter participado, ao longo de 1992, dos protestos do movimento estudantil em defesa do impeachment do então presidente da República, eleito com o apelido de “caçador de marajás” e, depois, acusado de irregularidades e corrupção.
“Na época das manifestações, eu, uma jovenzinha de 15 anos, fui uma cara-pintada. Não que eu entendesse muito da questão política do País, mas eu não me conformava de ver meu pai e minha mãe chorando pelos cantos da casa, depressivos, tristes com tudo o que aconteceu na época. Meu pai caminhoneiro, minha mãe, dona de casa, com três filhos para criar”, contou a apresentadora.
Surpreso, Collor foi do riso pela situação inusitada a uma expressão séria, reflexo da descrição penosa. “Nesses trinta anos, eu sempre tive a vontade de perguntar por que o presidente do meu País fez aquilo com meus pais”, completou a âncora.
Visivelmente tocado, o hoje senador Collor se redimiu. “Em primeiro lugar, Patrícia, gostaria de externar a você aquilo que venho fazendo desde que deixei a Presidência. Agora o meu pedido de desculpas, de perdão, ganhou dimensão maior porque fiz por intermédio das mídias sociais e teve grande repercussão. Mas eu já venho me penitenciando ao longo desses anos todos”, disse.
“Quero aproveitar e dizer agora a você, frente a frente, embora remotamente, o meu pedido de desculpas e o meu pedido de perdão. Perdão pelo sofrimento que eu lhe causei, perdão pelo sofrimento que causei a seu pai, à senhora sua mãe, à sua família e a milhares de outros brasileiros.”
Eloquente como sempre, o ex-presidente explicou, mais uma vez, o objetivo do drástico Plano Collor. “A minha intenção foi, naquele momento, lutar contra um inimigo que estava afetando a família de todos os brasileiros, sobretudo nas camadas mais vulneráveis da população, que era uma inflação de 80% ao mês.”
Em conversa com o blog, Patrícia Calderón comentou esse momento ímpar em seus 22 anos de carreira. “Como jornalista, tive a oportunidade de ouvir a resposta da boca dele, olho a olho. Foi muito forte”, afirma. “Outras entrevistas importantes para mim foram com Lula, quando estava na Presidência, e Dilma Rousseff, durante a campanha para o primeiro mandato.”
O bate-papo com Collor abriu a série de entrevistas com ex-presidentes. No sábado passado, dia 8, Patrícia Calderón conversou com Michel Temer. Os vídeos dessas duas primeiras conversas estão disponíveis no canal da Jovem Pan News de Fortaleza no YouTube. Os próximos entrevistados no Jornal da Manhã serão Lula e José Sarney, em datas a serem anunciadas.
A âncora quer ouvir também o atual ocupante do Palácio do Planalto. “A entrevista com Jair Bolsonaro está sendo negociada faz algum tempo”, revela. “Eu também gostaria de entrevistar o ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama, que fez história como primeiro negro no comando da maior potência do planeta.”
Patrícia Calderón se destacou como repórter do AgoraSP e em revistas da Editora Abril. Trabalhou na produção do Programa Livre, no SBT, e em jornalísticos da RecordTV, como o Fala Brasil e o Cidade Alerta, e também no RedeTV News. O desempenho na apuração de notícias e diante das câmeras rendeu convite para ser apresentadora na TV Cidade, afiliada da RecordTV no Ceará, onde mora há mais de 10 anos.