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segunda-feira 22 de fevereiro de 2021 às 06:34h

Collor ganha espaço no Planalto e busca apoio de Bolsonaro para reeleição

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Seja acompanhando o presidente Jair Bolsonaro em viagens, seja em aparições cada vez mais frequentes no Palácio do Planalto, o senador e ex-presidente Fernando Collor (PROS-AL) vem ganhando abertura no governo federal recentemente, marcando a reversão de visão que um manifestava sobre o outro até pouco tempo atrás.

Conforme o jornal Folha de S. Paulo, Collor esteve presente em duas viagens recentes de Bolsonaro ao Nordeste.

Na primeira delas, durante uma inauguração de obras em Piranhas (AL), em novembro, antes do primeiro turno das eleições municipais, o presidente afirmou que Collor era “um homem que luta pelo interesse do Brasil”.

O senador alagoano também participou há dez dias de uma reunião do chefe do Executivo com a equipe econômica para discutir o impacto do novo reajuste dos preços dos combustíveis.

O próprio Bolsonaro aproveitou um evento para relatar que Collor havia aparecido no Palácio do Planalto e então acabou convidado para a reunião, dando “sugestões bem-vindas e acolhidas por nós”.

Collor também havia agradado ao presidente quando recusou o convite do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), para lançar a campanha de vacinação contra a Covid-19.

Doria é apontado como pré-candidato à Presidência e tornou-se um dos principais desafetos de Bolsonaro. Ambos travam uma guerra em torno da vacina contra o novo coronavírus.

O senador chega mesmo a defender Bolsonaro nas redes sociais, com publicações que se tornaram um passatempo durante a pandemia.

Ainda neste mês, ao ler uma crítica do ator Bruno Gagliasso, respondeu: “Vai para Noronha e para de encher o saco”.

Políticos no Congresso Nacional apontam que a aproximação de Collor com o Planalto deu-se pelas mãos do novo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).

Lira ganhou influência com a aproximação do governo com o bloco centrão —que agora dá sustentação ao governo. Ironicamente, Collor havia criticado a estratégia do governo de se aproximar do bloco em busca de apoio.

Ao participar de live da Folha, em maio, o senador atacou a participação do presidente em protestos antidemocráticos e também os “acordos obscuros” em busca de maioria no Congresso.

“Agora, mais recentemente, ele resolve fazer entendimentos políticos. Mas acontece que esses entendimentos políticos, é fundamental que sejam feitos à luz do dia, com transparência, com a participação da mídia, da imprensa, da população, para que todos nós sejamos informados de quais as pessoas e quais os partidos políticos que estão sendo chamados para fazer parte do governo e em torno de que projeto eles estão tratando”, disse o ex-presidente.

“A questão do toma lá, dá cá é derivada de uma não transparência dos procedimentos”, acrescentou.

Meses depois, seria Lira, um dos principais líderes do centrão, o responsável por reintroduzir Collor no Planalto.

O novo presidente da Câmara teria uma “dívida” com Collor, que aceitou lançar seu nome em uma eleição suicida contra a reeleição do governador Renan Filho (MDB) em Alagoas, cuja gestão era bem avaliada.

Assim daria palanque e suporte para a candidatura do próprio Lira e aliados.

A candidatura terminou de forma melancólica, com Collor não conseguindo decolar nas pesquisas e ainda ficando sem o apoio e os recursos prometidos.

Em um episódio controverso, sua declaração de bens para a Justiça Eleitoral constava inicialmente com bens também declarados por Lira —o que depois foi corrigido, e os dois negam irregularidades. Collor acabou retirando a candidatura.

Lira estaria então compensando o senador, com a aproximação com o Palácio do Planalto. Essa nova relação significaria para Collor a oportunidade de se tornar o candidato de Bolsonaro para a próxima eleição ao Senado em Alagoas.

Do lado do Palácio do Planalto, aliados divergem na análise dessa nova relação e sua importância para o governo.

Uns apontam que se trata apenas de satisfazer o desejo de Lira e assim manter uma boa relação com o novo presidente da Câmara —Casa que tem a prerrogativa de instaurar processos de impeachment— e com o bloco que dá suporte ao governo, mesmo que o preço seja se associar a um ex-presidente que renunciou às vésperas de sofrer um impeachment e que seja investigado pela Operação Lava Jato.

Uma liderança do governo no Congresso, por outro lado, relata ser importante uma boa relação com ex-presidentes, principalmente para a imagem de Bolsonaro no exterior, mostrando que não é um político isolado.

Esse parlamentar também acrescenta que Collor pode ser um bom conselheiro para temas de relações internacionais e meio ambiente. Isso porque o ex-presidente mantém uma visão pragmática de política externa, que seria um contraponto à visão mais ideológica predominante no governo.

Ele cita que o senador, quando presidente da CRE (Comissão de Relações Exteriores), viajou para a Coreia do Norte e para o Irã.

Em relação ao meio ambiente, a proximidade com Collor poderia ser usada para melhorar a imagem do Brasil no exterior, marcada pela alta dos desmatamentos e queimadas.

Durante sua gestão na presidência, foi realizada no país a Eco-92 e o Brasil assinou então a Convenção do Clima.

Collor informou via assessoria de imprensa que não iria comentar sua aproximação com Planalto nem se e de que forma vinha contribuindo com o governo. O Palácio do Planalto também foi procurado, mas não se manifestou até a publicação dessa reportagem.

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