Mais de 30 anos após o impeachment da Presidência da República, Fernando Collor de Mello e a ex-cunhada Thereza Collor esqueceram as mágoas e participaram, juntos segundo o blog de Ricardo Antunes, de um ato de campanha eleitoral em Maceió na noite desta quinta-feira (3).
Os dois estavam juntos em uma carreata do candidato Fernando Collor, que apesar do mesmo nome, é sobrinho do ex-presidente e filho do casal Pedro e Thereza Collor.
Thereza e Fernando estavam afastados desde 1992 quando Pedro, irmão do ex-presidente e com quem Thereza era casada, fez denúncias que resultaram no processo de impeachment de Collor.
Sem mandato pela primeira vez em uma eleição desde 2007, Collor entrou, na reta final, na campanha do sobrinho, que usa e abusa da imagem do tio.
Na carroceria de uma camionete, os três percorreram o bairro do Vergel do Lago, onde historicamente Collor tinha uma das maiores votações.
Foi no local que Collor ergueu, enquanto governador, o Papódromo, um local feito exclusivamente para receber o papa João Paulo 2º em Maceió, em 1991.
O locutor do ato, a todo instante, falava que ali era “Collor candidato a vereador”, sem especificar que se tratava de um sobrinho.
Em entrevista à coluna, em agosto, Fernando (o sobrinho) explicou que a escolha do nome político veio porque “sempre foi conhecido como Fernando Collor”. “É um nome que carrega história e propósito. Meu tio, Fernando Collor, sempre foi uma inspiração”, diz. Porém, na disputa anterior, para vice-prefeito de Atalaia (AL), em 2012, usou o nome Fernando Lyra.
Quem é Thereza
Thereza teve um papel importante à época ao apoiar as denúncias que o marido fez contra o irmão. Seu destaque na mídia gerou até um apelido de “musa do impeachment.”
Pedro Collor morreu em 1994. Após isso, Thereza chegou a ser secretária de Turismo de Alagoas entre 1995 e 1998 e foi candidata a deputada federal em 2018 pelo PSDB (recebeu 9.064 votos, mas não foi eleita).
Em 2018, Thereza chegou a divulgar nota repudiando o apoio do PSDB ao ex-presidente —que se lançou, mas renunciou pouco depois, ao governo de Alagoas.
“É muito triste para mim, que cortei da própria carne para combater esquemas nefastos para o Brasil, ver meu próprio partido, ao qual estou filiada há 20 anos, se aliar regionalmente à esta candidatura ao governo de Alagoas”, disse ela.
Em janeiro, a coluna contou que Thereza e os dois filhos de Pedro Collor pediram à Justiça de Alagoas que o empresário deixe de ser considerado sócio das empresas da família, a OAM (Organização Arnon de Mello), administradas por Collor.
O objetivo é evitar que a herança deixada por Pedro a Thereza Collor e seus filhos seja usada para pagar dívidas milionárias do grupo de comunicação.
Herdeira de metade dos bens do marido, Thereza alega ter feito o acordo por saber que Pedro e Fernando tinham uma relação ruim. Os desentendimentos entre eles culminaram com o impeachment do então presidente, em 1992. No STF, porém, Collor foi absolvido por falta de provas, em 2014.
É histórico: não existe um bom entendimento familiar entre Thereza e os sócios; no caso, hoje, o Fernando Collor, que é majoritário.
Lindonice de Brito, advogada de Thereza, em janeiro de 2024.