A Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) realizou um curso de beneficiamento de pescado e produção de derivados de peixe na comunidade ribeirinha de Palmas de Passos, em Serra do Ramalho (BA). Essa foi mais uma ação de apoio à piscicultura na área de atuação da 2ª Superintendência Regional, sediada em Bom Jesus da Lapa. A capacitação foi realizada no período de 9 a 13 de dezembro, em parceria com a Prefeitura de Serra do Ramalho.
“Esses cursos de beneficiamento de pescado eram necessários para fechar um ciclo. A Codevasf entrega alevinos; ensina a criá-los, em tanques-rede ou em tanques escavados; ensina toda a parte de alimentação, de manejo e de logística. Faltava a criação de produtos. Além desse tipo de beneficiamento, a Codevasf também está realizando cursos para a produção de biojoias, utilizando escamas de peixe”, disse a engenheira de pesca Isabel Rivas, técnica da 2ª Superintendência da Codevasf.
As atividades contaram com 20 participantes que posteriormente serão multiplicadores no município. Com relação ao primeiro curso com esse tema, que aconteceu no mês de julho deste ano, em Santa Maria da Vitória, a principal novidade foi a adição de 17 novos produtos que foram ensinados aos participantes. O curso voltou a ser comandado por Maria Aparecida Mendes, mais conhecida como Cida Pescadora. Ela reside em Sobradinho (BA) e é beneficiadora de pescado e consultora técnica, com cerca de 40 anos de experiência na atividade.
“Quando ia no mercado, eu via que tinha linguiça de todo tipo, menos de pescado. E eu, como pescadora, me incomodava com aquilo. Então, resolvi trabalhar para que os produtos de peixe entrassem na casa do consumidor. Foi quando tomei a iniciativa de trabalhar com esse produto. Comecei com a fazer linguiça e os outros produtos vieram na sequência. Hoje, já tenho mais de 100 produtos. Resolvi ensinar para famílias de pescadores, pessoas que precisam agregar valor no seu produto. Tem muita gente que já vive disso”, afirma Cida Pescadora.
Desenvolvendo a cadeia do pescado
A programação do curso abordou aspectos da produção voltada para restaurante, supermercado, bar, lanchonete e merenda escolar. Foram tratadas diversas atividades, como beneficiamento de pescado para elaboração de filé de peixe e outros pratos; aproveitamento das sobras para elaboração de linguiça, espetinho, hambúrguer, bolinhos, caldo concentrado, fishburguer etc, além da reciclagem de resíduos e artesanato com escamas e couro do peixe, entre outros produtos. No final do curso, foi preparado um almoço aberto ao público, contando com 17 produtos.
“Já tínhamos trazido outros cursos de piscicultura para o município, em parceria com a Codevasf, como criação e manejo de peixes, que serviu como um trabalho inicial para desenvolver a cadeia da piscicultura. A ideia de trazer esse curso de beneficiamento surgiu dessa necessidade de seguir desenvolvendo essa cadeia no município. O importante também é que todos os produtos feitos pelos participantes e pelas pessoas treinadas por eles serão aproveitados na merenda escolar”, disse Marcel do Vale, coordenador de agricultura familiar do município de Serra do Ramalho.
Cida Pescadora parabenizou a Codevasf por esse tipo de ação. “Há empresas que fortalecem a estrutura, fazem paredes, constroem maquinários, mas o ser humano muitas vezes é esquecido. E eu tiro o chapéu para a Codevasf, que enxerga o ser humano. Eu me sinto realizada e agradeço à Codevasf por mais essa oportunidade”, disse.
“Os peixes foram descongelados na segunda-feira (09/12), dia do início do curso, e foi filetado. Com a parte que sobrou, foram cozidas as cabeças para fazer o caldo e o resto da carne que fica nas espinhas foi pré-cozida e desfiada, antes de passar pela máquina de moer, para eliminar qualquer espinha ou escama. A carne então foi congelada para servir como matéria-prima para os 17 produtos criados durante o curso. O aproveitamento do alimento retido na carcaça dos peixes é a principal base para os produtos, além do aproveitamento de outras matérias-primas, como a parte do couro, que serve para fazer o torresmo, por exemplo”, explica Isabel Rivas.
“Nós fizemos uma solicitação de alevinos à Codevasf. A técnica Isabel Rivas fez uma avaliação da nossa associação, detectando que estávamos trabalhando de maneira correta. Depois de entregar os alevinos, nos disponibilizaram um curso de capacitação para 50 pessoas e agora estamos neste curso de processamento com a finalidade de melhorar o nosso produto para que possamos vender inclusive para a merenda escolar”, diz Claudemir Brito, presidente da Associação de Palmas de Passos.