O aumento no preço da conta de luz vai resultar em uma queda de R$ 8,2 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2021. Para 2022, a perda é estimada em R$ 14,2 bilhões. As informações vêm do estudo “Impacto econômico do aumento no preço da energia elétrica”, divulgado nesta quarta-feira (3) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
A CNI também prevê impacto nas seguintes áreas em 2021:
- Redução de R$ 7 bilhões no consumo das famílias
- Perdas equivalentes a R$ 2,9 bilhões nas exportações
- Menos 166 mil vagas empregos
Para 2022, conforme a confederação, são estimados 290 mil postos de trabalho a menos (em relação a abril e junho de 2021); R$ 12,1 bilhões de redução no consumo de famílias; 0,41% de aumento no preço às famílias; e queda de R$ 5,2 bilhões nas exportações.
Os dados apontam que o PIB Industrial (indústrias extrativa e de transformação, serviços industriais de utilidade pública e construção) reduziria em R$ 2,2 bilhões, caso não houvesse aumento no custo da energia elétrica. Em relação ao PIB da indústria da transformação, ele ficará R$ 1,2 bilhão menor neste ano. Uma das principais causas é a escassez hídrica no país.
O presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, lembrou que a crise é provocada pelo baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas, o que limita a geração de energia mais barata obrigando, assim, o uso das termelétricas: mais caras. Além disso, a elevada tarifa da energia elétrica é outro fator que pesa. Isso porque há cerca de 16 encargos, impostos e taxas setoriais, incorporados à fatura de luz. Conforme a CNI, isso representa 47% da tarifa de energia elétrica.
“O alto custo dos impostos e dos encargos setoriais e os erros regulatórios tornaram a energia elétrica paga pela indústria uma das mais caras do mundo, o que nos preocupa muito, pois a energia elétrica é um dos principais insumos da indústria brasileira. Essa elevação do custo de geração de energia é repassada aos consumidores, com impactos bastante negativos sobre a economia”, explicou Robson Braga de Andrade.
No relatório, a CNI explica ainda que os tributos e encargos são parcelas significativas no valor da tarifa de energia. “Eles incidem como um percentual sobre os demais custos. Desse modo, quando o custo de geração sobe, os encargos proporcionais sobem também, reforçando a alta no preço ao consumidor”, informa o estudo.
Segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), reproduzidos pela CNI, os tributos representam a maior fatia da composição tarifária de energia elétrica para o mercado cativo (residências e pequenas empresas): 30,7%. Logo atrás está o custo de energia (27,9%) e o custo de distribuição (21,2%).
Reservatórios
Os reservatórios das hidrelétricas da região Sudeste/Centro-Oeste representam cerca de 70% da capacidade de armazenamento do Brasil. Razão pela qual são chamados de “caixas d’água” do sistema elétrico. Porém, entre setembro de 2020 e abril de 2021, as bacias alcançaram apenas 34,69% da capacidade. O índice é apontado como o de pior afluência hídrica dos últimos 91 anos.
“Diante do baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas há necessidade de manejar o uso da água entre geração de energia elétrica, transporte aquaviário, irrigação, fornecimento para uso humano, entre outros. Com isso, as fontes de energia mais caras começam a ser acionadas com maior frequência e por períodos prolongados, aumentando o custo médio de geração e, consequentemente, o preço da energia aos consumidores”, afirma a CNI.