Em sessão especial pelo Dia Mundial da Saúde Mental (10 de outubro), a Câmara homenageou os movimentos de luta antimanicomial e destacou, em palestras de especialistas no assunto, experiências exitosas de atenção psicossocial aplicadas em outros países e, no Brasil, na cidade de Aracaju/SE. A atividade legislativa foi requerida e dirigida pela vereadora Aladilce Souza (PCdoB). Usuários de Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) participaram da sessão, na manhã desta quarta-feira (30), no Plenário Cosme de Farias.
“O nosso objetivo é marcar na Câmara a passagem da data e enriquecer o debate sobre saúde mental em Salvador, trazendo experiências exitosas de outras cidades e outros países. Queremos também melhorar a vida dos usuários dos Centros de Atenção Psicossocial, assegurando direitos e uma vida digna”, destacou a vereadora Aladilce Souza.
O secretário municipal da Saúde, Leo Prates, informou que a Prefeitura está trabalhando para ampliar a rede de CAPS III em Salvador, passando para três. CAPS III são centros para atendimento diário e noturno de adultos, durante sete dias da semana, atendendo à população de referência com transtornos mentais severos e persistentes.
Aracaju/SE
A sucesso da experiência no tratamento psiquiátrico na cidade de Aracaju/SE foi apresentado pela médica psiquiátrica Ana Raquel Santiago. Ela falou do modelo teórico adotado e que prevê acesso, vínculo, responsabilização e ganhos de autonomia.
Conforme Ana Raquel, todos os CAPS têm que ter leitos para aumentar o apoio ao usuário, evitando a aplicação de medicamentos. “No momento de crise, o CAPS segura o usuário, evitando a ida para o manicômio”, disse. Ela acrescentou que saúde mental precisa de entrega e de vontade política. “Queremos que o usuário tenha autonomia e reconheça que está entrando em crise. Isso para mim é saúde psicossocial”, acrescentou.
A psicóloga Mônica Nunes, do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia, falou sobre a evolução dos tratamentos psiquiátricos em outros países e no Brasil. Ela condenou a existência de manicômios e lamentou que na Bahia tem um hospital em Vitória da Conquista que ainda faz uso de medicamentos, com doses elevadas, deixando os usuários como “zumbis”.
Usuários
Durante a sessão, vários usuários de CAPS fizeram o uso da palavra para relatar dramas pessoais e criticar quem defende o modelo de tratamento com manicômio. Para Girleine Almeida, militante do Movimento Antimanicomial, “os usuários precisam ser tratados de maneira respeitosa”. Ela disse ainda que vai acompanhar o processo de criação de CAPS III na capital baiana.
Também participaram da sessão especial e fizeram parte da mesa de trabalho o coordenador de Atuação Psicossocial da Prefeitura, Alan Carneiro; a psicóloga Lygia Freitas, o usuário Eduardo Caliga, da Associação Metamorfose Ambulante; e a coordenadora Liana Figueiredo, da Coordenação de Políticas Transversais da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia.
O Coral Sindsaúde-BA, sob regência da maestrina Paola Kaká, fez uma apresentação na abertura da sessão com canções que falam da loucura.