Completados quase quatro meses de Governo Lula, há quem pergunte como andam os candidatos à presidência da República que perderam as eleições de 2022. Além de Bolsonaro, os outros presidenciáveis também seguem na vida política, com níveis de expressividade diferentes. Simone Tebet agora ocupa o cargo de ministra do Planejamento e Orçamento. Assim como Bolsonaro, que ficou três meses fora do país, Ciro Gomes passou conforme matéria de Beatriz Coutinho, do O Globo, uma temporada nos Estados Unidos.
Padre Kelmon ainda é autoproclamado sacerdote ortodoxo e pede uma indenização de meio milhão de reais da Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia no Brasil por danos morais. A senadora do Mato Grosso do Sul Soraya Thronicke (União Brasil-MS), internada na unidade semi-intensiva (UTI) por urticária autoimune severa, disputa o comando do diretório estadual do seu estado, tentando passar o posto para um aliado.
Veja como estão alguns dos presidenciáveis seis meses após o fim da eleição.
Jair Bolsonaro
Uma das primeiras reações de Jair Bolsonaro (PL) após a derrota nas urnas no segundo turno foi emudecer por mais de 44h, tempo que o então presidente demorou reconhecer a vitória do adversário, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No dia 30 de dezembro, o segundo colocado na disputa presidencial tomou um avião para a Flórida, nos Estados Unidos, e só retornou no dia 30 de março.
Atualmente, Bolsonaro é presidente de honra do Partido Liberal, e ganha pouco mais de R$80 mil, quando somado seu salário no PL com as aposentadorias como ex-deputado e militar. Há quase um mês no Brasil, o ex-presidente já prestou dois depoimentos à Polícia Federal: sobre o caso das joias, em que procuradores do Ministério Público Federal (MPF) enxergaram indícios de crime de peculato pelo ex-presidente, e o 8 de janeiro, questionado sobre o conteúdo do vídeo que compartilhou colocando as eleições em xeque dois dias após os ataques. No último depoimento, o ex-presidente alegou estar sob efeito de medicamentos.
Apesar disso, Bolsonaro afirmou na última semana que “considera a eleição de 2022 uma página virada em sua vida”.
Simone Tebet
Terceira colocada nas eleições, Simone Tebet é atualmente ministra do Planejamento e Orçamento. Ela integra o grupo técnico que discute temas relacionados ao Desenvolvimento Social e o Combate à Fome na transição. À frente da pasta, a ministra luta para aprovar o arcabouço fiscal, declarou que chamou de “bala de bronze” do governo, enquanto a reforma tributária é a “bala de prata” para reduzir o custo das empresas, gerar empregos e fazer o país voltar a crescer.
Ciro Gomes
O ex-candidato à presidência pelo PDT ficou em quarto lugar na eleição, com pouco mais de 3% dos votos. Ciro Gomes passou dois meses fora do Brasil, em Boston, nos Estados Unidos, estudando com Mangabeira Unger, professor da Universidade Harvard. Na volta ao Brasil, sua atuação política ficou tímida, com sua primeira aparição no diretório estadual do PDT no Ceará, para defender a investida à reeleição de José Sarto Nogueira, atual prefeito de Fortaleza, em 2024.
O ex-ministro vê uma aproximação de pedetistas com o PSDB como alternativa ao PT e ao bolsonarismo. O ex-senador Tasso Jereissati, atual presidente estadual do PSDB cearense, se prepara para passar o bastão ao vice-prefeito de Fortaleza, Élcio Batista, recém-filiado à sigla. Batista é próximo de Ciro e aliado do atual prefeito Sarto Nogueira (PDT), um dos integrantes da ala minoritária do PDT que convergiu com a postura de enfrentamento ao PT. Cid Nogueira (PDT-CE), seu irmão, por outro lado, é favorável ao restabelecimento da relação de seu grupo político com o governador petista Elmano de Freitas, correligionário de Lula. O PT pretende lançar candidato à prefeitura de Fortaleza em 2024 para concorrer contra Sarto.
Nesta quinta-feira, Ciro Gomes se encontrou às escondidas com o ministro da Previdência, Carlos Lupi, presidente do PDT. Ciro até o momento não fez diagnósticos ou comentários sobre o governo petista. Mas, marcou uma palestra em Portugal para o dia 12 de maio, intitulada “Brasil: que futuro?”.
Soraya Thronicke
A senadora do Mato Grosso do Sul (União Brasil-MS) terminou a corrida presidencial em quinto lugar e não declarou voto em nenhum dos candidatos que iriam para o segundo turno das eleições.
Quando Lula assumiu a Presidência, a parlamentar voltou a ser comentada nas redes após um vídeo mostrá-la posando ao lado de apoiadores de Lula, durante a cerimônia de posse. A ex-candidata à Presidência acenou aos petistas que estavam no Palácio do Planalto.
— Eu vou estar com vocês — disse.
Em meio à crise instalada no União Brasil, que vive uma debandada nas últimas semanas, a parlamentar vive uma queda de braço pelo comando do diretório estadual do Mato Grosso do Sul. Atualmente presidente da sigla no estado, Thronicke tenta eleger um aliado para sucedê-la.
A senadora está internada na unidade de terapia intensiva (UTI) desde sexta-feira em um hospital particular em Brasília após apresentar uma crise alérgica. Ela foi diagnosticada com urticária autoimune severa, tomando corticoide e anti-histamínico de forma venosa. O quadro é estável, porém ainda não há previsão de alta. Um especialista em imunologia acompanha a evolução da senadora.
Padre Kelmon
Kelmon Luis da Silva Souza (PTB), lançado pelo partido PTB, ficou em sétimo lugar nas eleições. O então candidato, que se autoproclama sacerdote ortodoxo, processou a Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia no Brasil por danos morais, pedindo uma indenização de R$ 500 mil por danos morais e direito de resposta da instituição. O processo faz referência à nota divulgada pela Instituição ainda durante a corrida eleitoral, no qual afirma que Padre Kelmon não tinha qualquer vínculo com igrejas de comunhão ortodoxa.
Segundo o advogado de Kelmon, Diego Maxwell, o ex-candidato teve “sua imagem e sua dignidade abalada, tendo sido veiculado de maneira indevida a notícia de que era falso padre”.
Kelmon era candidato a vice-presidente na chapa PTB encabeçada por Roberto Jefferson, ex-presidente do partido. Jefferson está preso no Complexo de Gericinó, em Bangu, no Rio, desde outubro do ano passado, quando abriu fogo contra agentes da PF que cumpriam um mandado em sua casa no interior do estado. No episódio, padre Kelmon foi à residência de Jefferson para demonstrar apoio ao aliado.
Felipe D’Ávila
O ex-presidente do partido Novo ficou em sexto lugar, com quase 560 mil votos. Atualmente, o empresário e cientista político é comentarista na Jovem Pam, além de ser colunista no jornal O Estado de S. Paulo. Nas redes, faz oposição ao atual governo através de posts explicativos. Em fevereiro, lançou um podcast para falar sobre questões políticas e sociais com convidados.
Em abril, D’Ávila lançou um livro intitulado “Por que as democracias triunfam”.