sexta-feira 22 de novembro de 2024
LIGHT - O pedetista: nova roupagem com a chegada do marqueteiro João Santana - @cirogomes/Instagram
Home / DESTAQUE / Ciro busca atrair PSD e vai atrás de eleitor que rejeita Lula e Bolsonaro
domingo 13 de fevereiro de 2022 às 06:39h

Ciro busca atrair PSD e vai atrás de eleitor que rejeita Lula e Bolsonaro

DESTAQUE, NOTÍCIAS, POLÍTICA


Pré-candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes tem buscado estratégias segundo a Folha de S. Paulo, para atrair o apoio do eleitorado que rejeita o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com o objetivo de ir ao segundo turno na eleição de outubro.

Entre outros pontos, o pedetista tenta consolidar alianças com o PSD em estados-chave, como o Rio de Janeiro e Minas Gerais —Ciro se reuniu nesta sexta-feira (11) com o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, possível nome do partido de Gilberto Kassab ao governo mineiro.

A movimentação é uma tentativa de turbinar as intenções de voto no pedetista, que aparece empatado com o ex-juiz Sergio Moro (Podemos) em terceiro lugar, segundo pesquisas eleitorais recentes. No último Datafolha, divulgado em dezembro, Ciro tem 7%, contra 9% de Moro.

Aliados de Ciro veem espaço para que o pedetista alcance 15% da preferência do eleitorado já em abril, em um cenário que considera uma desidratação do ex-ministro da Justiça de Bolsonaro e também votos capturados da parcela da população que manifesta rejeição tanto ao presidente quanto ao petista.

No primeiro caso, havia uma preocupação da equipe de Ciro com a entrada de Moro no jogo eleitoral, em especial após o resultado da pesquisa Datafolha de dezembro.

O temor era que o pré-candidato do Podemos se consolidasse como a alternativa entre Lula e Bolsonaro e se isolasse no terceiro lugar. No entanto, levantamentos recentes indicam empate entre ambos.

É justamente na disputa pelos insatisfeitos com Lula e Bolsonaro que a campanha de Ciro vê espaço para crescimento.

A conta trabalhada por aliados de Ciro é: com 25% das intenções de voto para Bolsonaro, haveria 75% de eleitores que não elegeriam o atual presidente. Desses, em torno de 40% declaram apoio ao petista. O foco da equipe do ex-ministro da Fazenda são os 35% que não votariam nem em Lula nem em Bolsonaro.

Diante desse cenário desenhado, pedetistas têm a expectativa de que a candidatura ganhe corpo com esse um terço de descontentes e com a captura de votos hoje dados a Moro e a outros nomes da chamada terceira via, o que seria suficiente para desbancar Bolsonaro e levar o pedetista ao segundo turno contra Lula.

A partir daí, os aliados de Ciro contam com a eventual migração de eleitores que só votariam em Lula por estarem insatisfeitos com o governo Bolsonaro.

A mesma pesquisa Datafolha de dezembro, porém, indica que em um eventual segundo turno entre Lula e Ciro, o petista teria 56% dos votos, ante 26% do candidato do PDT.

Outro caminho explorado é o apoio do PSD em alguns palanques importantes para a candidatura do ex-governador do Ceará.

No Rio de Janeiro, essa aliança saiu do papel no início do mês, ainda que não tenha sido definido o nome que disputará o governo do estado. O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), defende o ex-presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) Felipe Santa Cruz como cabeça de chapa. O PDT quer o ex-prefeito de Niterói Rodrigo Neves.

Com mais cautela, Ciro negocia o mesmo apoio em Minas Gerais, um estado considerado mais sensível por ser base do atual nome do PSD à Presidência, o senador Rodrigo Pacheco.

O objetivo de Ciro encontra ao menos dois obstáculos. Ainda que haja dúvidas de que Pacheco vá levar até o fim a candidatura, o partido de Kassab prioriza lançar um nome independente para a disputa presidencial —há conversas com o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB). O ex-governador do Espírito Santo Paulo Hartung também é tido como uma opção.

Além disso, na quarta-feira (9), durante filiação do vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos, ao PSD, Kassab fez um aceno a Lula e admitiu aliança com o petista já no primeiro turno.

No encontro com Kalil, Ciro adotou tom respeitoso e lembrou que o PSD já tem um presidenciável. “Portanto eu não seria, por mais desejo que eu tenha, indelicado de constranger o Kalil, tendo ele e o partido dele uma candidatura”, disse.

“Apenas eu disse que como Reinaldo, o rei do Atlético, nosso jogador, eu tô na área, pedindo a bola, para ver se a gente ajuda o Brasil a mudar de caminho, porque não dá para a gente votar no Bolsonaro para contestar a conta e o desastre econômico e de corrupção do PT e do Lula, e agora votar no Lula para protestar contra o desastre que o Bolsonaro representa.”

Um sonho ainda mais distante do PDT seria conseguir um palanque em São Paulo, algo que depende de condicionantes como a filiação do ex-governador paulista Geraldo Alckmin ao PSD —cenário hoje improvável, considerando as conversas do ex-tucano com o PSB e a articulação para que ele seja vice de Lula.

Aliados dizem que, se conseguir convencer o partido de Kassab a compor como vice, Ciro “liquida a fatura” e ganha tração.

A agenda de encontros regionais de Ciro passa por São Paulo, onde participa do CEO Conference Brasil 2022, realizado nos dias 22 e 23.

O ex-presidente Lula recusou convite para comparecer ao evento, que, de acordo com o banco, terá a presença de Bolsonaro, Moro e do também presidenciável João Doria (PSDB), governador de São Paulo.

Em Minas Gerais, a equipe de Ciro aproveitou para turbinar a campanha com temas da “vida real”.

O pré-candidato do PDT visitou uma ocupação indígena e defendeu, em uma rede social, “um grande programa de regularização fundiária, titulação da terra e de reforma e consolidação de moradia popular, cujo orçamento já está estudado”.

​Como parte desse esforço de aproximação com temáticas de interesse do povo, o pedetista tem entrado em uma área cara ao partido que teve como uma de suas principais lideranças Leonel Brizola: trabalho.

O pedetista busca reafirmar o compromisso com o trabalhador, com o discurso de que nenhum direito será retirado. ​Uma de suas propostas é uma nova regulação para o mercado de trabalho.

“Nenhum país do mundo prosperou introduzindo no mundo do trabalho insegurança jurídica e insegurança econômica como essa selvageria chamada de reforma trabalhista fez no Brasil”, afirmou o presidenciável em entrevista à rádio Super NotíciaFM, em Minas Gerais, na sexta-feira (11).

“Isso quer dizer o quê? Que devemos voltar ao passado, ao gesso de uma velha CLT [Consolidação das Leis do Trabalho], que prestou um grande serviço à classe trabalhadora, mas que não entendeu a revolução digital, as novas práticas produtivas, a economia do conhecimento? Não.”

Segundo ele, a diretriz será a proteção do trabalho. “Deixado solto, o capital destrói o trabalho”, disse, citando casos de terceirizados que ganham menos que funcionários contratados diretamente por empresas.

Veja também

Bolsonaro pode ser preso após indiciamento? Entenda os próximos passos do processo

Jair Bolsonaro (PL) foi indiciado pela Polícia Federal nesta quinta-feira (21) pelos crimes de abolição …

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

error: Content is protected !!