Na semana passada, Lula virou alvo de seguidores de esquerda por diferentes motivos. A ala progressista, que defende a política do gasto público sem limites, criticou a aprovação do marco fiscal na Câmara, a primeira grande vitória do Planalto nestes cinco meses. Na sequência, os lulistas ficaram injuriados com a participação do Planalto na operação do centrão que esfarelou, no Congresso, os poderes das ministras Marina Silva e Sonia Guajajara.
Segundo Robson Bonin, da Radar, o circo criado nesta última segunda-feira (29) em torno da visita de Nicolas Maduro deu novo ânimo à polarização com bolsonaristas nas redes e serviu, claro, para reagrupar a tropa de esquerda em torno do Planalto. Nada como uma boa discussão com bolsonaristas para capturar a atenção da audiência.
Quando ainda despachava no Planalto, Jair Bolsonaro costumava a recorrer a temas afeitos à polarização com o petismo para unir sua tropa nas redes sociais. Lula agora se vale dos mesmos métodos, enquanto negocia no Congresso as “condições” de aprovação da Medida Provisória que estruturou seu governo.
O governo sofrerá uma dura derrota, caso a matéria não seja aprovada nesta semana na Câmara e no Senado. Parlamentares animados com essa possibilidade não faltam no Legislativo. Tudo, no entanto, pode acabar como acabam muitas crises em Brasília: com a distribuição de cargos e verbas pavimentando a vitória do Planalto no Legislativo.
Independentemente do resultado, a presença de Maduro em Brasília já serviu a um propósito ao Planalto. Uniu a esquerda nas redes e deu discurso para os apoiadores que andavam desiludidos com seu guia.