Pela primeira vez uma sonda da Nasa viajará até um objeto cuja superfície não é composta por rochas, gelo ou gás, mas sim metal: o asteroide Psyche.
Os cientistas irão estudar este objeto estranho para ampliar seus conhecimentos sobre o núcleo de planetas rochosos como a nosso, além de identificar um novo tipo de corpo celeste completamente desconhecido.
Estes são os cinco aspectos mais interessantes da missão.
Mina de metal
Se a exploração de minério for possível em Psyche, seu ferro, ouro e níquel terão um valor de US$ 10 quintilhões (em torno de R$ 59,5 quintilhões, na cotação atual), de acordo com uma estimativa da revista Forbes.
Para Lindy Elkins-Tanton, cientista-chefe da missão que realizou este cálculo, este é “um exercício intelectual divertido”, visto que “não temos tecnologia, como espécie, para trazer Psyche para a Terra”, explicou em uma coletiva de imprensa. E mesmo que fosse possível, a quantidade de metal inundaria o mercado, reduzindo o seu valor a zero, afirmou.
Propulsão verde
Durante sua viagem, a sonda utilizará quatro propulsores de efeito Hall, que produzem uma luz azul característica que será transformada em eletricidade através de seus painéis solares. Esta energia alimentará os quatro propulsores.
Por meio de campos eletromagnéticos, estes dispositivos de efeito Hall aceleram o processo de liberação de íons de xenônio (átomos carregados), o mesmo gás usado em faróis de carros e telas de plasma.
Embora sua força real seja relativamente fraca, a sonda acelerará continuamente até dezenas de milhares de quilômetros por hora.
“É a propulsão ecológica por excelência”, resumiu David Oh, engenheiro da Nasa.
Comunicação a laser
À medida que as missões espaciais exigem velocidades de dados cada vez mais elevadas, a Nasa está a recorrendo a sistemas baseados em laser para complementar as comunicações de radiofrequência.
Psyche levará a bordo um experimento tecnológico que permitirá multiplicar por “10 as velocidades de dados das telecomunicações tradicionais”, disse Abi Biswas, do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL, na sigla em inglês) da Nasa. Isto permitirá a transmissão de imagens com maior resolução, mais dados científicos e vídeos.
A agência espacial dos Estados Unidos disparará seu laser do observatório Table Mountain do JPL, na Califórnia, e a espaçonave enviará o sinal de volta ao observatório Palomar, também neste estado americano.
A tecnologia já foi testada, mas será utilizada pela primeira vez em distâncias maiores, para além da órbita lunar. A ideia é poder utilizá-la em missões futuras a Marte.
Campo gravitacional
Psyche possui um conjunto de instrumentos científicos dedicados a investigar a composição química e mineral do asteroide e a buscar sinais de um antigo campo magnético.
Mas a equipe científica também utilizará o sistema de rádio de Psyche para sondar o campo gravitacional deste asteroide através do efeito Doppler.
“Podemos observar o tom ou a frequência das ondas de rádio provenientes da antena e determinar a velocidade a que a nave espacial se move” em torno deste corpo celeste, disse o especialista em planetologia Ben Weiss. O processo se assemelha vulgarmente ao som das sirenes de ambulâncias, que ressoam de forma diferente à medida que se aproximam ou se afastam de um ponto de referência.
Ao acompanhar as mudanças na velocidade da sonda, os cientistas podem determinar variações no campo gravitacional do asteroide, o que por sua vez fornece pistas sobre a composição e estrutura de Psyche.
Menos metal, mais rochas?
Devido ao seu brilho, acreditava-se que o asteroide era composto quase inteiramente por metal, seguindo a teoria de que era o núcleo de um antigo corpo celeste cuja superfície foi arrancada por antigas colisões.
Mas os cientistas descobriram, em um estudo publicado em 2022, que Psyche é menos denso do que seria esperado de um corpo composto de ferro.
É possível que os vulcões tenham trazido este elemento à superfície, cobrindo a rocha com uma camada de metal.
Os resultados desta investigação só serão conhecidos quando a sonda atingir seu objetivo, em 2029.