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quarta-feira 17 de março de 2021 às 10:06h

Cientistas elencam fatores de risco da ‘Covid longa’, que pode durar meses

CURIOSIDADES, NOTÍCIAS


Pessoas do sexo feminino, mais velhas e que têm vários sintomas da Covid-19 simultaneamente correm mais risco de desenvolver o que os especialistas têm chamado de “Covid longa”, na qual os efeitos da doença podem continuar durante meses a fio, afirma um estudo britânico.

Não se trata, aliás, de uma situação rara. A pesquisa, coordenada por Claire Steves, do King’s College de Londres, mostrou segundo a Folha, que 13,3% dos infectados relatou ter enfrentado sintomas por um mês ou mais, enquanto a média dos que tiveram a Covid-19 é de 11 dias.

Os dados acabam de ser publicados em artigo na revista científica Nature Medicine e foram obtidos graças à participação de mais de 4.000 pacientes no Reino Unido, nos EUA e na Suécia, que se cadastraram num aplicativo usado pelos pesquisadores para monitorar seu estado de saúde. Embora as informações tenham sido recolhidas durante a primeira onda de infecções pelo coronavírus Sars-CoV-2 na Europa e na América do Norte, entre março e setembro de 2020, Steves afirma que elas provavelmente continuam refletindo o cenário atual da doença.

“Continuamos a acompanhar os casos de Covid longa depois dessa análise, e temo que não estejamos vendo uma redução dos casos com sintomas persistentes, apesar das melhoras no tratamento da Covid aguda [ou seja, logo após a infecção] nos hospitais”, contou a pesquisadora à Folha. Por outro lado, uma notícia menos ruim, diz ela, é que o aparecimento de novas variantes do vírus não parece ter piorado essa situação. “Devemos publicar dados sobre isso em breve.”

A equipe do King’s College incluiu no estudo apenas pessoas que disseram ter tido resultado positivo (ou seja, que atesta a presença do vírus no organismo) em testes do tipo PCR, considerados os mais confiáveis. A incidência da Covid longa foi 50% mais comum em mulheres e duas vezes mais frequente em pessoas com mais de 70 anos.

O primeiro dado parece surpreendente, uma vez que, no mundo todo, a maioria das mortes causadas pela doença tem se concentrado na população masculina. “A questão é que os homens tendem a ter sintomas mais severos na fase inicial da doença”, explica Steves. “Pode ser que isso se deva a diferenças na maneira como homens e mulheres relatam seus sintomas, mas pode também ter a ver com diferenças nas respostas imunes ao vírus em cada sexo. É algo que precisamos de mais pesquisas para entender.”

Quase todas as pessoas afetadas pela versão da doença com efeitos a longo prazo relataram ter sentido fadiga e dores de cabeça intermitentes. Muito comuns também eram a perda do olfato e do paladar e sintomas respiratórios. Além disso, uma funcionalidade do aplicativo também ajudou os cientistas a ter uma visão mais clara de como a Covid longa tem características próprias.

É que, além de poder clicar numa lista de sintomas pré-selecionados pelos criadores do programa, os pacientes também podiam digitar outros sintomas. Em mais de 80% dos casos, quem tinha Covid longa optava por usar essa funcionalidade (contra 45% dos que tiveram “Covid curta”). Entre as manifestações citadas por eles estavam os sintomas cardíacos (palpitações, taquicardia), problemas de concentração e/ou memória, zumbidos e dores de ouvido, sensação de picadas na pele ou insensibilidade.

O estudo aponta que a presença de mais de cinco desses sintomas na primeira semana de doença é uma boa maneira de prever o aparecimento futuro da Covid longa. Os pesquisadores defendem que é importante pensar em estratégias para que os sistemas de saúde cuidem desses casos, que estão se tornando cada vez mais numerosos mundo afora.

OS FATORES LIGADOS À “COVID DE LONGA DURAÇÃO”

Estudo britânico no qual 4.182 pessoas foram acompanhadas por aplicativo mostrou que:
– 13,3% tiveram sintomas durante um mês ou mais
– 4,5% durante dois meses ou mais- 2,3% durante três meses ou mais
– Já a duração média dos sintomas no grupo todo foi de 11 diasAs formas mais duradouras da doença estão associadas a:
– Idade mais avançada (10% dos doentes entre 18 e 49 anos versus 21,9% dos maiores de 70 anos)
– Sexo feminino (14,9%, contra 9,5% dos homens)
– Asmáticos
– Mais de cinco sintomas diferentes na primeira semana da doença

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