Uma equipe de cientistas americanos diz ter inventado um sistema que poderia permitir a captura da umidade oceânica para transformá-la em água potável, segundo um estudo publicado na revista Nature. As informações são da AFP.
Com a mudança climática, “vamos ter que encontrar uma forma de aumentar a oferta de água doce porque a conservação e a reciclagem de água de fontes existentes, embora sejam essenciais, não serão suficientes para responder às necessidades humanas”, explicou Praveen Kumar, professor da Universidade de Illinois em Urbana-Champaign (UIUC), um dos autores do estudo, publicado em 6 de dezembro.
“Pensamos que nossa proposta pode alcançar isso em larga escala”, estimou.
Ao invés de se perder na atmosfera, o ar saturado de água seria capturado por estruturas de extração, situadas nos litorais, para depois ser condensado e transportado por dutos para depósitos adequados.
Em comparação com a dessalinização clássica, este método teria uma vantagem importante: ao evaporar e transformar-se em gás, a água do mar perde quase a totalidade de seu sal natural. É por isso que a água da chuva não é salgada.
Assim, o sistema consumiria muito menos energia e também teria um impacto ambiental bastante inferior à dessalinização clássica, que produz resíduos como a salmoura, com alta concentração de substâncias tóxicas.
Segundo esses cientistas, os parques eólicos offshore e as placas solares terrestres poderiam contribuir para alimentar o circuito de purificação.
Os pesquisadores consideram que esta técnica reproduz o sistema natural, mas de forma direcionada.
“Uma ‘superfície de captura vertical’ de 210m de largura e 100m de altura poderia fornecer um volume suficiente de umidade extraível para as necessidades diárias de água potável de aproximadamente 500.000 pessoas”.
Os cientistas se apoiam em uma simulação a partir de 14 lugares onde há problemas de abastecimento hídrico, como Los Angeles e Roma. Com base nos modelos, este tipo de dispositivo poderia gerar entre 37,6 bilhões e 78,3 bilhões de litros de água por ano, dependendo das condições locais.
“As projeções climáticas mostram que o fluxo de vapor oceânico vai aumentar ao longo dos anos, o que proporcionará ainda mais água doce”, declarou a coautora do estudo, Afeefa Rahman.