Número de vítimas do devastador ciclone Chido ainda é desconhecido, mas autoridade do território francês ultramarino Mayotte estima que possa ser “perto de mil”. Moçambique também foi fortemente afetado.O número de mortos no departamento ultramarino francês de Mayotte devido ao ciclone Chido é de “várias centenas, talvez perto de mil”, disse neste domingo (15/12) o representante local do governo francês, François-Xavier Bieuville, a uma emissora local.
“Acho que há algumas centenas de mortos, talvez cheguemos perto de mil”, afirmou Bieuville à estação de televisão Mayotte La 1ère.
Ele acrescentou ser “extremamente difícil” obter um número exato agora, depois de as ilhas na costa índica da África terem sido atingidas pelo devastador ciclone tropical no sábado, causando destruição generalizada.
O aeroporto internacional de Mamoudzou, a capital, está fechado para voos comerciais, e a maioria das estradas está interditada. Há relatos de falta de eletricidade e de água potável. As telecomunicações foram interrompidas.
“Temo que haja mortes que nem mesmo poderemos contar oficialmente porque a tradição muçulmana [a religião majoritária em Mayotte] estabelece que as pessoas devem ser enterradas dentro de 24 horas após sua morte”, declarou Bieuville.
O Ministério do Interior francês disse que está sendo difícil obter um número preciso de mortos e feridos em Mayotte, mas confirmou ao menos 11 vítimas. Um hospital local comunicou que nove pessoas estavam em estado crítico e outras 246 ficaram feridas, acrescentou o ministério.
Em busca de sobreviventes
As equipes de resgate estão procurando sobreviventes e começaram a abrir caminhos para áreas remotas, disse o prefeito de Mamoudzou, Ambdilwahedou Soumaila, à agência de notícias AFP. “Esperamos encontrar sobreviventes lá.”
No entanto, é provável que as equipes de resgate encontrem muito mais vítimas fatais nos escombros das casas destruídas nos bairros pobres da capital. A deputada Estelle Youssouffa disse à Mayotte La 1ère que os bairros pobres são uma vala comum a céu aberto e que a maioria das famílias que lá vivem se recusou a procurar abrigo apesar dos apelos das autoridades.
Três membros do governo francês, os ministros Bruno Retailleau (Interior), François-Noël Buffet (Ultramar) e Thani Mohamed Soilihi (Francofonia) desembarcaram na ilha nesta segunda-feira.
O governo francês está enviando grupos de até 800 policiais e equipes civis de resgate, incluindo soldados e bombeiros, e um avião de transporte militar com ajuda humanitária já pousou em Mamoudzou.
Território mais pobre da UE
Mayotte, no sudeste do Oceano Índico, ao largo da costa da África, é o departamento mais mais pobre da França e o território mais pobre da União Europeia. Cerca de 320 mil pessoas vivem nas ilhas, que ficam perto de Madagascar.
O governo local afirmou que havia 90 anos Mayotte não enfrentava um ciclone tão devastador. De acordo com o serviço meteorológico francês Météo France, rajadas de vento com velocidade de mais de 220 quilômetros por hora passaram pelas ilhas de Mayotte no sábado.
Depois de causar danos generalizados no território insular francês, o ciclone Chido atingiu também Moçambique, na costa leste da África, no domingo, onde atingiu velocidades de até 240 quilômetros por hora.
De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), ele destruiu e danificou várias casas, escolas e instalações de saúde na província de Cabo Delgado, no norte do país. A região foi gravemente afetada, embora a extensão da destruição ainda não esteja clara.
De acordo com o Centro Moçambicano de Proteção Civil, a rede elétrica em Cabo Delgado e na província vizinha de Nampula entrou em colapso, dificultando o trabalho de resgate.
Ao menos quatro pessoas morreram e outras 37 ficaram feridas, anunciaram organizações humanitárias que estão no local, num balanço inicial. Das mortes, três foram registradas em Cabo Delgado e uma em Nampula.
O Chido está atravessando o Malawi em direção ao Zimbábue. No entanto, o serviço meteorológico do Zimbábue espera que o ciclone se enfraqueça. De acordo com as Nações Unidas, o Chido ameaça um total de quase 2,7 milhões de pessoas.