A China enviará, nesta quinta-feira (26), a tripulação de astronautas mais jovem de sua história à estação espacial Tiangong, em um ambicioso programa que pretende culminar com o envio de uma missão à Lua no final da década.
A missão é de grande importância para a China, que espera reforçar o seu conhecimento sobre voos tripulados, no âmbito de um programa espacial que avança regularmente há décadas.
O módulo Shenzhou-17 com os três astronautas a bordo está programado para decolar às 11h14 (00h14 no horário de Brasília) de quinta-feira do centro de Jiuquan, no deserto de Gobi, no noroeste do país.
“É a tripulação de astronautas com a idade média mais jovem desde o lançamento da missão de construção da estação espacial chinesa Tiangong”, disse o gabinete de informação do Conselho de Estado em comunicado nesta quarta-feira.
O trio é formado pelo comandante Tang Hongbo, de 48 anos, e seus colegas Tang Shengjie, 33, e Jiang Xinlin, 35.
A idade média deles é de 38 anos, notavelmente inferior aos 42 anos que a tripulação da missão anterior, Shenzhou-16, ainda em órbita, terá no momento da aterrissagem.
A estação é operada por equipes de três astronautas que se revezam a cada seis meses.
“Nos últimos dois anos sonhei em voltar ao espaço”, disse Tang em entrevista coletiva nesta quarta-feira. “A estação espacial é a nossa segunda casa, ela nos leva para fora da Terra e para o Universo”, acrescentou.
A estação Tiangong é a joia da coroa do programa aeroespacial da China, que também promoveu o pouso de robôs de exploração em Marte e na Lua e foi o terceiro país a colocar humanos em órbita.
“De acordo com o plano, o módulo Shenzhou-17 realizará procedimentos autônomos de encontro e acoplagem após entrar em órbita”, disse Lin Xiquiang, porta-voz do programa espacial chinês, na coletiva de imprensa.
Sonho espacial
O módulo final desta estação foi anexado à estrutura principal no ano passado. A nave possui equipamentos científicos de última geração, segundo a agência estatal de notícias Xinhua.
Tiangong deve permanecer na órbita baixa da Terra, cerca de 400-450 quilômetros acima do planeta, durante pelo menos 10 anos.
O “sonho espacial” da China recebeu um impulso sob o governo do presidente Xi Jinping.
A segunda maior economia do mundo investiu bilhões de dólares neste programa administrado pelo campo militar, em um esforço para diminuir a distância em relação aos Estados Unidos e à Rússia.
Em junho, a missão Shenzhou-16 decolou em direção à estação espacial com o primeiro civil chinês a viajar ao espaço.
Sua tripulação deve retornar à Terra em 31 de outubro, após concluir a transferência com a nova missão, disseram as autoridades nesta quarta-feira.
Pequim também planeja enviar uma missão tripulada à Lua em 2030 e quer construir uma base na superfície do satélite terrestre.
O porta-voz Lin reafirmou esse objetivo nesta quarta-feira, ao afirmar que “a meta de colocar pessoas chinesas na Lua até 2030 será alcançada de acordo com o programado”.
Os planos lunares do país sofreram um golpe em 2017, quando o poderoso foguete Longa Marcha-5 Y2 não foi lançado para uma missão que visava colocar satélites de comunicação em órbita.
Isso forçou o adiamento do lançamento da missão de exploração lunar Chang’e-5, que deveria recolher amostras lunares no segundo semestre de 2017.
Chang’e chegou à Lua em 2020, plantou a bandeira chinesa na superfície e voltou à Terra com as primeiras amostras lunares em quatro décadas.