quinta-feira 21 de novembro de 2024
O russo Vladimir Putin (à esquerda) conversa com o chinês Xi Jinping, antes de uma reunião dos países membros da cúpula da Organização de Cooperação de Xangai, em Samarcanda, Uzbequistão. 16 de setembro de 2022. Foto: REUTERS - SPUTNIK
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sexta-feira 16 de setembro de 2022 às 16:31h

China e Rússia reafirmam influência regional; Taiwan alerta para instabilidade da paz mundial

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Segundo o RFI, em um encontro de cúpula regional na cidade de Samarcanda, no Uzbequistão, os presidentes da China, Xi Jinping, e da Rússia, Vladimir Putin, se posicionaram, nesta sexta-feira (16), como um contrapeso à influência ocidental. Outros Estados que mantêm relações tensas com os Estados Unidos participam das discussões da Organização de Cooperação de Xangai (SCO, na siga em inglês). Porém, Taiwan advertiu que os crescentes vínculos entre a Rússia e a China prejudicam a estabilidade e a paz mundial.

Formado por China, Rússia, Índia, Paquistão, Cazaquistão, Quirguistão, Uzbequistão e Tadjiquistão, o grupo foi fundado em 2001 como uma organização de cooperação política, econômica e de segurança, que pretende rivalizar com as instituições ocidentais.

O presidente chinês pediu aos líderes dos países participantes para “trabalharem juntos a fim de promover uma ordem internacional que siga em uma direção mais justa e racional”. “Devemos promover os valores comuns da humanidade e abandonar a política de criação de blocos”, disse Xi Jinping. O líder chinês não citou nenhum país, mas Pequim costuma utilizar essa linguagem para criticar os Estados Unidos e seus aliados.

Já Vladimir Putin celebrou a influência crescente dos “novos centros de poder” que, segundo ele, estão se “tornando cada vez mais evidentes”. O presidente russo afirmou que a cooperação entre os países membros da SCO, ao contrário do Ocidente, está baseada em princípios “isentos de egoísmo”. Durante um encontro com Xi, o russo agradeceu ao colega chinês por sua “posição equilibrada” sobre o conflito na Ucrânia e prometeu “explicações” sobre suas “preocupações”.

As declarações de Xi e Putin ilustram as turbulências na esfera internacional, há vários meses. Moscou e Pequim enfrentam relações muito complicadas com os Estados Unidos em consequência da invasão russa na Ucrânia e do apoio americano a Kiev. Além disso, os países ocidentais adotaram uma série de sanções econômicas contra a Rússia, que olha cada vez mais para a Ásia em busca de apoio econômico e diplomático. “Estamos abertos à cooperação com o mundo inteiro”, disse Vladimir Putin.

Xi Jinping, que faz a sua primeira viagem ao exterior desde o início da pandemia de coronavírus, espera, por sua vez, reforçar a sua imagem antes do congresso do Partido Comunista Chinês, em outubro, no qual aspira obter um novo mandato.

Outros encontros

O presidente chinês se encontrou com o seu colega turco, Recep Erdogan. Em várias ocasiões, o presidente da Turquia demonstrou preocupação com a população uigure, uma minoria chinesa muçulmana que fala turco e mora, principalmente, no noroeste da China. Organizações humanitárias acusam Pequim de oprimir essa população. O comunicado oficial da China sobre a reunião bilateral, contudo, não menciona se essa questão foi abordada pelos dois líderes.

Xi Jinping também teve uma reunião bilateral com o presidente iraniano. Ibrahim Raissi disse que seu país não cederia à intimidação dos Estados Unidos. “A República Islâmica do Irã não vai recuar diante da intimidação americana de forma alguma”, disse, referindo-se às sanções de Washington contra Teerã, principalmente por seu programa nuclear.

Moscou busca alternativas

Moscou tenta reforçar os vínculos com a Ásia para contra-atacar as sanções ocidentais impostas em represália à invasão russa da Ucrânia. Com esse objetivo, Putin participou de várias reuniões bilaterais à margem da cúpula.

O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, cujo país compra cada vez mais combustíveis de Moscou, apesar das sanções ocidentais, disse a Putin que “não é hora de guerra”. O presidente russo garantiu ao primeiro-ministro indiano que queria encerrar o conflito na Ucrânia “o mais rapidamente possível”, e que entendia as “preocupações” da Índia sobre o assunto.

“Infelizmente, o lado oposto, a liderança da Ucrânia, recusou qualquer processo de negociação e indicou que queria alcançar seus objetivos por meios militares, no campo de batalha”, continuou Putin. O chefe do Kremlin também afirmou que as relações entre a Índia e a Rússia estão “se desenvolvendo” e que os dois países têm uma “parceria privilegiada”.

Putin ainda tem na agenda um encontro com o turco Erdogan, com quem pretende examinar o acordo que desbloqueou as exportações de grãos da Ucrânia, paralisadas pela guerra.

O presidente russo conversará, também, com o presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, após os confrontos entre este país e a Armênia, que deixaram mais de 200 mortos e provocaram o temor de uma nova guerra no Cáucaso, uma tradicional zona de influência de Moscou.

Taiwan reage

Frente à aproximação da Rússia e da China, Taiwan advertiu, nesta sexta-feira, que os crescentes vínculos entre esses dois países prejudicam a estabilidade e a paz mundial. “A Rússia chama de provocadores aqueles que mantêm a paz e o status quo, o que demonstra claramente o dano causado pela aliança entre os regimes autoritários chinês e russo para a paz internacional, a estabilidade, a democracia e a liberdade”, afirmou o ministério das Relações Exteriores de Taiwan, em um comunicado.

Desde a quinta-feira, Xi e Putin vem expressando sua vontade de estabelecer um apoio recíproco e reforçar seus vínculos, em plena crise com os países ocidentais. Putin reiterou o apoio às reivindicações de Pequim em Taiwan. A China considera a ilha parte de seu território e prometeu retomar o controle à força se for preciso.

A invasão russa da Ucrânia reavivou os temores de Taipei de sofrer algo parecido com Pequim. Taiwan “condena de modo veemente a Rússia por seguir o governo autoritário e expansionista do Partido Comunista Chinês em suas declarações falsas nas reuniões internacionais que atentam contra a soberania de nosso país”, afirmou o ministério taiwanês no texto.

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