A China anunciou neste domingo (7) que vai conduzir mais exercícios militares, desta vez na parte sul do Mar Amarelo e no Mar de Bohai, perto da Coreia do Sul. Segundo o jornal The Washington Post, que cita a Administração Marítima de Pequim, as manobras militares no Mar de Bohai começam já nesta segunda-feira (8) e deverão estender-se até 8 de setembro, enquanto os exercícios no Mar Amarelo deverão decorrer até ao próximo dia 15 de agosto.
A informação foi anunciada pelo Comando do Teatro Oriental do Exército de Libertação do Povo Chinês, que adiantou, através da plataforma Weibo, que vai continuar realizando exercícios militares marítimos e aéreos ao redor de Taiwan, concentrando-se em lançamentos de mísseis de longo alcance contra alvos aéreos.
Entretanto, a China anunciou que, partir de agora, vai conduzir exercícios militares “regulares” no lado leste do Estreito de Taiwan, noticiou a Reuters.
O anúncio surge no dia em que estava previsto o fim dos exercícios militares chineses em torno de Taiwan, que se prolongam há quatro dias, e que surgem na sequência da visita da líder da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, à ilha autónoma, à revelia de Pequim.
O Ministério dos Transportes taiwanês anunciou, entretanto, a retoma progressiva de voos comerciais no seu espaço aéreo, mas acrescentou que as aeronaves e os navios vão continuar a ser direcionados para longe dos exercícios militares chineses ao longo da sua costa.
Citado pelo The Guardian, o Ministério da Defesa da China anunciou que os exercícios militares decorreram tal como planeado no mar e nos espaço aéreo ao norte, sudoeste e leste de Taiwan, tendo como objetivo “testar as capacidades” dos seus sistemas de ataque terrestre e marítimo.
O terceiro dia de exercícios militares chineses ficou marcado pelo alerta do Ministério da Defesa taiwanês de uma possível simulação de um ataque em direção a Taipé. Isto depois de o ministério ter detetado a presença de vários aviões militares e navios da armada chinesa junto ao Estreito de Taiwan, uma linha imaginária que funciona como uma fronteira não oficial, mas tacitamente respeitada entre a China e Taiwan durante as últimas décadas.
A presença de aviões militares e navios chineses fez soar os alarmes em Taiwan, que emitiu alertas, destacou patrulhas aéreas e navais, e ativou os sistemas de mísseis terrestres. “Os nossos militares emitiram avisos, enviaram patrulhas aéreas de combate e embarcações navais, e ativaram sistemas de mísseis terrestres em resposta à situação”, disse o ministério, em comunicado.
EUA acusa Pequim de tentar “mudar o status quo” com exercícios “provocadores”
Um porta-voz da Casa Branca disse que a China está tentando “mudar o status quo” através destes exercícios militares: “Estas atividades representam uma escalada significativa nos esforços da China para mudar o status quo. São provocadoras, irresponsáveis e aumentam o risco de um erro de cálculo.”
As manobras militares conduzidas por Pequim “também vão contra o nosso objetivo de longa data de manter a paz e estabilidade em todo o Estreito de Taiwan”, acrescentou.
A China, que chamou à visita de Pelosi uma “farsa” e uma “deplorável traição”, reivindica a soberania sobre a ilha e considera Taiwan uma província separatista desde que os nacionalistas do Kuomintang se retiraram para o local em 1949, após perderem a guerra civil contra os comunistas.
Taiwan descreveu a presença militar da China como um “bloqueio”, e a presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, classificou mesmo de “irresponsável” a “ameaça militar deliberadamente elevada” da China.