Em março de 2016, no segundo governo de Michelle Bachelet, foi aprovada no Chile conforme O Globo a lei 20.900, descrita como necessária para “o fortalecimento e a transparência da democracia”, que impede a divulgação de pesquisas de opinião 15 dias antes de qualquer eleição. Hoje, a iniciativa é questionada por quase todos os partidos, e o Congresso do país debate profundas modificações na lei.
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Na visão de Marta Lagos, diretora da Latinobarometro, e do ex-deputado independente Pepe Auth, estudioso do trabalho dos institutos de opinião pública, a lei de 2016 foi inútil e perdeu sentido num mundo no qual as redes sociais impedem qualquer tipo de controle à divulgação de pesquisas. Como escreveu Marta recentemente no jornal El Mercurio, “nós não podemos publicar, mas um político pode encomendar pesquisas e ter em mãos informações que o resto da sociedade não terá e usá-las como achar mais conveniente”.
Auth concorda, destacando que a lei precedeu a atual explosão das redes sociais. Ele conta que, no recente plebiscito no qual os chilenos rechaçaram o texto de uma nova Constituição, houve “um número recorde de pesquisas circulando”, apesar da lei.
— Nossas regras estão sendo revisadas e existe consenso sobre a necessidade de modificar a lei. Existem projetos já apresentados e todos os atores políticos coincidem em que a lei é inadequada e, também, em que as pesquisas não definem votos — avaliou o ex-parlamentar chileno.