Depois de decidir tirar a Secretaria de Cultura do Ministério da Cidadania, como a revista Veja revelou nesta quinta-feira (7), Jair Bolsonaro escolheu para comandar a repartição, agora instalada na pasta do Turismo, o chefe da Funarte, Roberto Rego Pinheiro — Roberto Alvim é o nome artístico do dramaturgo.
Em setembro, a revista Veja publicou documentos que mostravam que o diretor tentou contratar a mulher, a atriz Juliana Galdino, para assumir a direção artística, em Brasília, do Projeto de Revitalização da Rede Nacional de Teatros. Na capital federal, o projeto consistiria na montagem, no Teatro Plínio Marcos, da peça Os Demônios.
Pelo trabalho, a produtora Flo Produções e Entretenimento, que representa Juliana, receberia 3,5 milhões de reais. A escolha da atriz e da produtora foi feita sem licitação ou processo seletivo. No início desta semana, Alvim classificara a atriz Fernanda Montenegro de “sórdida” e “mentirosa”.
Em entrevista por telefone a VEJA na noite de quinta-feira, 26, Alvim – nome artístico de Roberto Rego Pinheiro – afirmou que sua mulher não receberia qualquer remuneração para exercer o cargo e para atuar, como atriz, em Os Demônios, peça que ele vai dirigir e que é baseada em romance do russo Fiódor Dostoiévski.
“Eu não seria louco de contratar minha mulher por 3,5 milhões de reais”, ressaltou. Segundo ele, o valor também será aplicado na publicação de livros e na realização de debates sobre a obra de Dostoiévski. Nenhum dos documentos obtidos por VEJA cita que Juliana trabalharia sem ser remunerada.