quarta-feira 18 de dezembro de 2024
John Rodgerson, CEO da Azul, em entrevista ao Dinheiro Entrevista, programa da revista IstoÉ Dinheiro
Home / NOTÍCIAS / CEO da Azul: Se tiver oportunidade de fusão com Gol ou outra, ‘claro que vamos buscar’
quarta-feira 18 de dezembro de 2024 às 08:04h

CEO da Azul: Se tiver oportunidade de fusão com Gol ou outra, ‘claro que vamos buscar’

NOTÍCIAS


Em entrevista a revista IstoÉ Dinheiro Entrevista, com presidentes de empresas e grandes personalidades da economia, o CEO da Azul, John Rodgerson, sinalizou que fusões com companhias aéreas rivais podem ser benéficas. Desde que a Gol pediu recuperação judicial, em janeiro, ambas as companhias mantém diálogo sobre uma possível fusão.

Mesmo deixando claro não estar “anunciando nada” e que “temos que esperar”, o executivo da Azul disse ao Dinheiro Entrevista que é natural empresas se juntarem “para ficarem mais fortes”, a exemplo de megafusões ocorridas nos Estados Unidos, como as da American Airlines e da United e Continental.

“Sempre tem conversa. Nós temos a responsabilidade de olhar para todas as oportunidades que existem. Mas estou muito confiante na Azul, especialmente depois de toda essa reestruturação que fizemos. A Azul sozinha é uma ótima oportunidade. Mas se tiver oportunidade para fazer alguma coisa com Gol ou com outro, claro que vamos buscar isso. Vejo que tem muitas sinergias e oportunidades para fazer muita coisa bacana, mas temos que esperar”, afirmou Rodgerson, que é americano e está no Brasil desde a fundação da Azul, a qual participou.

O diálogo sobre uma eventual fusão entre Azul e Gol teria ganho forças após a linha aérea comandada por John Rodgerson ter avançado na negociação com credores para reestruturação das suas dívidas. Em paralelo, na Gol, a expectativa é de deixar o Chapter 11 no início de 2025, conforme previsão dada pelo CEO da companhia, Celso Ferrer, em meados de junho.

“O Brasil tem desafios, mas tem oportunidades. Quando você vê o desafio do dólar a R$ 6, da judicialização, o custo de capital mais caro, você tem visto o que os outros países do mundo fizeram. A American Airlines hoje são empresas diferentes que decidiram se juntar para se fortalecer”, disse o CEO.

“Às vezes, se juntando fica mais forte, reduz custo de capital, aumenta conectividade, da oportunidade para comprar peças, combustíveis; tudo fica mais barato. E quem se beneficia disso é o cliente. Quando você está voando, em Atlanta, em Dallas, ninguém fala ‘Olha a American Airlines domina esse terminal’. Eles são felizes da vida porque através da American Airlines você pode conectar o mundo em Dallas”, completou.

‘Somos a única que não entrou em recuperação judicial’

John Rodgerson garantiu também que, internamente, a companhia jamais cogitou um pedido de recuperação judicial.

Em meados de agosto, uma notícia de bastidores havia citado que a empresa mantinha na mesa a opção de um Chapter 11 – como é conhecido o procedimento de recuperação judicial nos Estados Unidos. Todavia, o CEO da Azul nega que a empresa tenha cogitado isso, e que somente dialogou com seus credores para reestruturar suas finanças.

“Foi engraçado [sobre boato de Chapter 11]. Nunca pensamos em fazer isso, mas o mercado é assim mesmo, tem muito boato. Nós já estávamos falando com nosso credores para fazer algo amigável e o mercado ficou assustado pensando que iríamos fazer uma recuperação judicial. O mercado estava errado, passamos sem ter que fazer isso”, disse.

“Uma coisa que tenho orgulho é de dizer que somos a única linha aérea da história do Brasil que não entrou em recuperação judicial. Gol, Latam, VASP, WebJet, todas passaram por isso. Nós tivemos que fazer algo estrutural, estamos tirando R$ 6 bilhões de dívida do balanço, que irá virar equity [ações]”, destacou o CEO.

O executivo reafirmou a promessa já feita ao mercado que em 2025 a companhia voltará a gerar caixa de novo, a primeira vez em cinco anos. A empresa está listada na B3 desde 2017 e está avaliada atualmente em cerca de R$ 1,4 bilhão. Antes da pandemia, chegou a ter um valor de mercado em R$ 5 bilhões.

‘Cheguei ao Brasil quando o dólar era R$ 1,58’

Rodgerson mora há 16 anos no Brasil e lembra que quando chegou ao país, o dólar estava cotado a R$ 1,58.

Ele destaca que no setor aéreo muitos dos custos são dolarizados, o que faz com que a desvalorização do real impacte diretamente a operação. “Temos o combustível mais caro do mundo”, diz o executivo, que defende uma mudança na política de preços da Petrobras para combustíveis de avião.

“Todo mundo quer tarifa mais baixa, mas é preciso ter custos mais baixos, tem que ter combustível mais barato”, afirma o CEO.

Segundo ele, um preço de combustível mais baixo incentivaria aéreas a oferecer mais voos e, consequentemente, o turismo doméstico.

“Acho triste que passamos uma década sem crescer o mercado [de aviação] no Brasil. A empresa cresceu, mas o mercado em si não cresceu. O brasileiro ainda viaja muito pouco, muito menos que colombiano, chileno, mexicano. E isso é ruim para o Brasil”.

Azul não existiria sem o mercado financeiro

Durante a entrevista, o CEO revelou que a companhia aérea ‘não existiria’ se não fossem as oportunidades que teve de levantar capital junto ao mercado financeiro, dado que a empresa tem capital aberto.

Segundo o executivo, seria ‘mais fácil’ ser uma empresa privada, mas as oportunidades que o mercado oferecem foram categóricas para o sucesso da empresa.

“Seria muito mais fácil ser uma empresa de capital fechado. Todos os dias você tem pessoas apostando se a Azul vai bem ou mal. É parte do ciclo de crescimento de qualquer empresa. Acho que ser uma empresa de capital aberto faz com que você tenha muito mais oportunidades de levantar capital. A companhia não existiria se não tivéssemos oportunidades para levantar capital. O mercado financeiro oferece oportunidade para você pegar equity e dívida e fortalecer a sua empresa”.

‘Pandemia foi o pior momento da minha jornada’

Ao relatar seus melhores e piores momentos como CEO da companhia aérea, Rodgerson destacou que durante a pandemia foi seu fundo do poço.

“Eu lembro que no momento [pandemia] eu literalmente queria me matar, queria pular da janela. O mundo estava acabando para mim”, disse.

“Eu me tornei CEO em 2017, logo depois do Joesley Day, tivemos muitos desafios, mas não foi nada perto da pandemia. A responsabilidade nos meus ombros de ter 15 mil família que dependiam do salário da Azul, e de um dia para o outro deixamos de ter mil voos diários para ter zero. Lembro de ir para o Hangar e ver 20 aeronaves estacionadas, e meus filhos acharem o máximo porque dava para passear dentro delas, mas eu estava chorando, porque sem elas no ar era impossível pagar o salário do mês seguinte”, completou.

Todavia, relata a superação da empresa após o período de dificuldades, que impactou de forma mais drástica o setor de companhias aéreas.

“O melhor dia foi quando recebemos a notícia de que éramos a melhora empresa aérea do mundo em termos de pontualidade, porque isso mostrou a força da Azul depois da pandemia, porque temos 5 mil empresas aéreas no mundo e nós chegamos no topo da montanha”.

Veja também

Mineração deve ser tema fundamental em comissão da AL-BA, diz deputado Eduardo Salles

O deputado estadual Eduardo Salles (PP) compareceu ao II Fórum da Companhia Baiana de Pesquisa …

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

error: Content is protected !!