Quatrocentos delegados da Polícia Civil da Bahia, segundo nota divulgada pelo Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado da Bahia, entregaram nesta quarta-feira (18), os cargos comissionados que ocupam na estrutura da Secretaria da Segurança Pública (SSP) como protesto em decorrência do ‘tratamento ruim’ que alegam receber do governador Rui Costa (PT).
Confira abaixo:
‘O Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado da Bahia, cumprindo seu papel de representante da classe, vem a público informar à população baiana que mais de 400 delegados fazem a entrega de seus cargos comissionados hoje, dia 18 de maio de 2022, e se comprometem a não assumir os que ficarem vagos, por meio de ofícios que serão entregues na Governadoria por esta representação.
A manifestação unívoca da classe significa o mais corajoso e difícil gesto de protesto realizado em decorrência do tratamento que vem recebendo do senhor governador Rui Costa, que com a sua absoluta intransigência se fecha para o diálogo aberto e franco com os servidores policiais civis deste estado.
Toda e qualquer tratativa feita até o presente momento com os interlocutores, que, preocupados com a decisão da classe, se colocaram à disposição, não foi suficiente para fazê-lo admitir a gravidade da situação, o que deixa cristalino o fato de que a segurança pública em nosso estado nunca foi preocupação do governador Rui Costa.
Vivemos tempos sombrios, de autoritarismo, com este malversado governo, mas a ADPEB, durante todo o período de negociação, respeitou as linhas impostas, a fim de contribuir com o delineamento de um campo democrático que se fundamenta no diálogo, no entendimento e na compreensão. Assim, esta entidade de classe atuou incessantemente nos bastidores visando preservar os interesses dos delegados, apelando ao bom senso e à reponsabilidade de quem detém o poder de decisão, porém nada nem ninguém conseguiu fazer Rui Costa sair do seu pedestal para ouvir os servidores.
Diante desse quadro, faremos a entrega dos cargos, já adiada algumas vezes na esperança de que o diálogo prevalecesse, mas novamente nos deparamos com a decisão final do governo de não atender às demandas postas na mesa de negociação, ratificando sua inabilidade política em abraçar verdadeiramente as questões cruciais da segurança pública em nosso estado.
No governo Rui Costa vivenciamos a pior gestão da segurança pública nos últimos 20 anos. Seu desprezo pelos servidores, aliado à sua falta de planejamento para a instituição, emperrou o combate à criminalidade organizada, em que pese toda a dedicação dos delegados e delgadas de polícia que enfrentam jornadas extenuantes de trabalho. Em troca, sofremos inúmeras reformas legislativas que aniquilaram os direitos de todos os servidores, o que nos conduziu à posição de pior remuneração da categoria em todo o país e nos obrigou a conviver em unidades policiais insalubres.
Como se não bastasse, o governador não cumpre ordens judicias transitadas em julgado, assolapando direitos já restabelecidos aos servidores em atividade e aposentados, revelando, mais uma vez, sua personalidade avessa aos princípios republicanos e democráticos exigidos pela CF a qualquer governante.
O clima institucional é de revolta e insatisfação com o governador Rui Costa, que não demonstra qualquer preocupação com as classes policiais e com o destino de tão honrosa e importante instituição como é a Policia Civil, seja para o sistema de justiça penal, seja para a defesa social.
Os delegados de polícia do Estado da Bahia se colocam do lado da sociedade e deixam claro que as consequências deste ato serão contabilizadas no já desastroso resultado da política de segurança pública dos últimos oito anos, e que a decisão em aguardar esta data para a entrega dos cargos visou resguardar os serviços prestados pelos órgãos centrais de combate à criminalidade no estado, em face da adesão quase integral de todos os cargos de gestão da Polícia Civil da Bahia.
A ADPEB/Sindicato reafirma o seu compromisso com a categoria e solicita que os delegados se mantenham unidos e atentos as próximas orientações que serão realizadas através dos canais de comunicação da entidade de classe.’