Desde a última quarta-feira (31), a cena política de Salvador tem um novo player. O vereador Geraldo Jr. (SD) foi eleito presidente da Câmara Municipal com 41 votos num universo de 43 eleitores, dos quais um esteve ausente, Igor Kannário (PHS), e outro, Hilton Coelho, do PSOL, absteve-se de votar por orientação programática de seu partido, demonstrando que passou rente ao placar da unanimidade. O score, com pequenas diferenças, foi praticamente o mesmo para todos os demais membros da mesa, ao todo 10, que concorreram em chapa única liderada pelo novo presidente.
Mas Geraldo Jr. não emerge com credenciais de nova liderança na Praça Municipal apenas porque assumirá, a partir do dia 2 de janeiro, junto com os demais membros da mesa, o comando da Câmara, uma posição especialmente importante no jogo político em anos eleitorais, como o da sucessão municipal de 2020, em que estará em pleno exercício do poder na Casa. O que passou também a direcionar naturalmente os holofotes sobre a sua figura foram a habilidade e a rapidez com que costurou os apoios à sua candidatura, abortando o surgimento de potenciais concorrentes antes mesmo que se constituíssem, num ato de rara sagacidade política.
A construção de seu nome para disputar a sucessão do competente presidente Leonardo Prates (DEM) deu-se nos primeiros dias após seu desligamento, combinado com o prefeito ACM Neto (DEM), da secretaria municipal de Esportes e Emprego, na qual sua primeira experiência de destaque como gestor teve o reconhecimento do líder democrata. Então, aspirantes a também comandar a Casa começavam ainda a ensaiar os primeiros passos e a marcar conversas com os colegas para comunicar seu interesse na disputa quando o novo presidente irrompeu com o projeto de comando pronto e acabado.
Praticamente em uma semana, fruto de costuras que conduziria sozinho, os principais apoios seriam fechados e, dentro deste período, num prazo de dois dias, se sucederam com tamanha rapidez que não só surpreenderam os operadores políticos tradicionais da área municipal como tornaram impossível que se ousasse, interna ou externamente, lhe opor qualquer concorrência. Uma das razões para o sucesso da empreitada foi, sem dúvida, a respeitável inserção política extra-Câmara do vereador, detalhe que só fez impulsionar sua capacidade de articulador.
A ela se juntaria também o relacionamento de alto nível, de confiança, principalmente, que mantém com os colegas, agora co-responsáveis pela escolha da nova direção do Legislativo. No discurso de posse, boa parte de improviso e sob forte emoção, Geraldo Jr. citou nominalmente praticamente todos eles em agradecimento. Decano da Casa, o vereador Edvaldo Brito (PSD), que presidiu toda a sessão e sabe das coisas, a encerrou com um discurso forte de exaltação ao novo presidente, chamando a atenção para seu perfil catalisador e agregador, característico de quem, como enfatizou, conhece a arte de liderar. Portanto…
Por Raul Monteiro