O ex-chanceler e atual assessor especial da Presidência da República para assuntos internacionais, Celso Amorim, mostrou sensatez neste domingo (8) quando comentou o conflito deflagrado no último sábado (7) na Faixa de Gaza entre o Hamas e o Estado de Israel. Ao mesmo tempo em que condena os ataques do grupo a civis israelenses, também faz duras críticas a Israel pelo boicote que o país tem promovido aos processos de paz nos últimos anos. Os presentes conflitos já deixaram pelo menos 1100 mortos dos dois lados.
“O conflito não pode ser visto como um fato isolado. Vem depois de anos e anos de tratamento discriminatório, de violências, não só na própria Faixa de Gaza, mas também na Cisjordânia. Isso não justifica [os ataques do Hamas], mas o que eu vejo é o resultado dessa atitude, do aumento dos assentamentos israelenses e a dificuldade de avançar no plano de paz”, disse à Folha.
Amorim se refere a uma série de ações militares e de ocupação levadas à cabo por Israel nos últimos, como por exemplo o ataque ao campo de refugiados de Jenin, onde 8 palestinos foram mortos na Cisjordânia por soldados. É comum na região, entre outras violações de direitos humanos, ações de Israel que produzem a demolição de casas e a inutilização de infraestrutura elétrica e de saneamento básico.
“Depois da conferência de Anápolis [em Maryland, nos EUA, em 2007] havia a perspectiva de paz. Mas infelizmente os governos que vieram depois em Israel deixaram de lado o processo de paz, fizeram vários ataques a Gaza, aumentaram os assentamentos e tudo isso gerou a situação atual. O que acabou de acontecer é uma demonstração grave do que acontece quando há perda da esperança na paz”, avaliou.
Amorim também mostrou otimismo com a repatriação dos brasileiros que se encontram nas regiões deflagradas.